Acordo de Cessar-Fogo entre M23 e Governo da RDCoco no Qatar
O Movimento 23 de Março (M23) e o Governo da República Democrática do Congo selaram um acordo de cessar-fogo no Qatar, após meses de negociações.

O Movimento 23 de Março (M23), que tem recebido apoio do Ruanda, e as autoridades da República Democrática do Congo (RDC) firmaram, hoje, um acordo de cessar-fogo com vista a terminar os combates na região leste do país. Esta passe de acordo decorreu no Qatar e surgiu após três meses de intensas conversações, conforme reportado pela Agência France Presse.
A declaração sinaliza que “as partes comprometem-se a respeitar o seu empenho num cessar-fogo permanente”. O M23, que desde janeiro e fevereiro deste ano conquistou vastas áreas ricas em minerais na RDC, opôs-se a um acordo unilateral e procurou estabelecer um entendimento próprio com Kinshasa, especialmente após o seu aliado ruandês ter assinado um acordo de paz em Washington no mês anterior.
Patrick Muyaya, porta-voz do Governo da RDC, comentou à agência EFE que “esta declaração [assinado hoje] considera as linhas vermelhas que sempre defendemos, particularmente a retirada inegociável do M23 das zonas sob a sua ocupação, que deverá ser seguida pela instalação das nossas instituições governamentais”.
A escalada do conflito no leste da RDC começou no final de janeiro, quando os rebeldes ocuparam Goma e Bukavu, cidades estratégicas e ricas em recursos minerais como ouro e coltan, essenciais para a indústria tecnológica. Desde o aumento das hostilidades do M23, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) assinalou que cerca de 1,2 milhões de pessoas foram deslocadas nestas regiões.
Além disso, os confrontos em Goma e arredores provocaram mais de 8.500 mortos em janeiro, de acordo com Samuel Roger Kamba, ministro da Saúde Pública da RDC, no final de fevereiro. O M23, composto maioritariamente por tutsis que escaparam ao genocídio ruandês de 1994, retomou a atividade armada no Kivu Norte em novembro de 2021, realizando ataques súbitos contra as forças governamentais.
Vale a pena notar que o leste da República Democrática do Congo enfrenta um ciclo contínuo de conflitos desde 1998, em grande parte devido à presença de milícias rebeldes e da intervenção do exército, mesmo com a presença de forças de manutenção da paz da ONU (Monusco).