Antigos líderes do PAN pedem reavaliação da direção do partido

Uma carta aberta, subscrita por Bebiana Cunha e outros ex-dirigentes do PAN, foi divulgada recentemente, apelando a uma análise da direção do partido, sem temor a alterações necessárias. Os 35 signatários, que incluem figuras como Anabela Castro, Nuno Pires e Miguel Queirós, recordam o nascimento do projeto Pessoas-Animais-Natureza em 2009 e expressam a sua preocupação com a atual condução do partido.

Os autores da carta afirmam que a liderança vigente se tem afastado dos princípios fundacionais do PAN, tomando decisões que não se coadunam com a essência do partido. "As escolhas feitas são orientadas por uma lógica de sobrevivência política, onde os fins têm prevalecido sobre os meios", criticam.

Além disso, destacam que a gestão atual tem sido marcada por conflitos internos e falhas, afastando os princípios que definem a missão do partido em prol de lutas de poder. Esta situação é especialmente notória em relação às próximas eleições autárquicas de 12 de outubro, onde alegam que a falta de uma estratégia sólida resultou em coligações aleatórias, sem fundamentos ideológicos claros.

As coligações estabelecidas com o PSD e a IL em Sintra, assim como com o CDS-PP em Faro, são vistas como inaceitáveis, devido ao distanciamento ideológico com o PAN. "Embora coligações possam ser normais na democracia, é incompreensível unir-se a partidos que apoiam práticas nocivas ao ambiente", sustentam.

A brigada de antigos membros pede uma reflexão coletiva sobre o futuro do partido, reiterando que "o PAN é mais do que um conjunto de pessoas e a sua ideologia deve ser priorizada acima de interesses individuais".

Os subscritores pretendem que se reavalie o caminho seguido até agora, que se reoriente a identidade do partido e que se ouçam todas as vozes, particularmente as que se mantêm fiéis ao projeto inicial. "É crucial questionar se o PAN está a ser fiel aos seus princípios e se está verdadeiramente a apoiar as causas que defende", concluem.

Em resposta a estas preocupações, Inês Sousa Real, atual porta-voz do PAN, afirmou que as demissões recentes refletem uma falta de compromisso com a agenda e objetivos do partido.