Manifestações em Londres e Paris alertam para conflitos intercomunitários em Sweida
Em Paris e Londres, grupos de cidadãos uniram-se para protestar contra a escalada da violência em Sweida, Síria, onde alegam haver um massacre em curso entre comunidades étnicas.

Hoje, em cidades emblemáticas como Londres e Paris, manifestantes reuniram-se para expressar a sua preocupação em relação à situação crítica que se vive em Sweida, no sul da Síria. Cerca de 80 pessoas participaram em Londres, exigindo o fim da violência e a abertura de um corredor humanitário na fronteira com a Jordânia, conforme relatado pelo canal France24.
Na capital francesa, a manifestação ocorreu nas proximidades da Torre Eiffel, onde os participantes levantaram a voz em defesa das minorias étnicas e denunciavam uma alegada "limpeza étnica" em andamento na região.
Os confrontos em Sweida iniciaram-se no dia 13 de julho, envolvendo combate entre milícias drusas, beduínas e sunitas, e ganharam complexidade com a intervenção das forças do Governo sírio. Estas foram acusadas de também lutar contra os grupos drusos, intensificando as tensões que há muito caracterizam os relacionamentos entre estas comunidades.
Em resposta à escalada dos conflitos, o governo sírio enviou reforços para restaurar a ordem, assumindo o controle de várias localidades. Contudo, os esforços foram frustrados por bombardeamentos israelitas e um cessar-fogo que foi acordado na ultima quarta-feira.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) reportou até ao momento mais de 940 mortes associadas a estes confrontos, que continuam mesmo após o anúncio de um cessar-fogo por parte das autoridades sírias.
A província de Sweida abriga uma população de aproximadamente 100 mil pessoas, que representa cerca de um quarto do total de habitantes da região, situada na fronteira sul da Síria com a Jordânia.
A minoria drusa, que segue uma fé abraâmica com raízes no judaísmo e no cristianismo, tem uma presença significativa na Síria, onde vive a maior parte dos cerca de um milhão de drusos em todo o mundo. O Líbano e Israel abrigam também populações drusas, incluindo na área dos Montes Golã, território israelita que foi capturado da Síria durante a guerra do Médio Oriente em 1967.
Estima-se que mais de 87 mil pessoas foram deslocadas em Sweida desde a última semana em decorrência de bombardeamentos intensos e raptos. As diferentes comunidades da região estão a viver sob crescente insegurança após a queda do regime do presidente Bashar al-Assad, com temores sobre o futuro das minorias étnicas sob a nova administração de transição liderada por Ahmad al-Sharaa, um ex-líder rebelde islamita.