Angola exige reforma do multilateralismo na cimeira dos BRICS
João Lourenço, presidente de Angola, enfatizou a necessidade de reformar instituições globais e fortalecer o multilateralismo durante a XVII Cimeira dos BRICS, no Rio de Janeiro.

Na XVII Cimeira dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro, João Lourenço, presidente de Angola e atual líder da União Africana, destacou a urgência de reformar as instituições que gerem a governança global. Em seu discurso, Lourenço salientou que as estruturas que existem desde a Segunda Guerra Mundial necessitam de ajustes para se adaptarem às mudanças ocorridas ao longo das últimas oito décadas.
"As nações devem encarar um novo contexto mundial e, por isso, é fundamental que o multilateralismo seja fortalecido, mesmo diante das ameaças que enfrenta atualmente", afirmou Lourenço, dirigindo-se a uma audiência composta por líderes de cerca de 30 países e diversas organizações internacionais.
O presidente angolano sublinhou que o bloco dos BRICS possui um papel crucial na promoção de um equilíbrio nas discussões sobre a governança mundial, especialmente no que se refere à interação entre os países do Sul Global e os países desenvolvidos. Ele apelou para que as questões do comércio, investimento e financiamento sejam abordadas de forma mais equitativa, especialmente para ajudar as nações mais vulneráveis.
Horas antes, o presidente brasileiro Lula da Silva criticou o "colapso do multilateralismo" e defendeu reformas significativas no Conselho de Segurança da ONU, mencionando que a falta de consulta para ações bélicas leva a uma perda de credibilidade. Segundo Lula, é vital incluir novos membros permanentes numa abordagem que inclua mais diversidade geográfica, especialmente da Ásia, África e América Latina.
A cimeira está a ocorrer com um elenco de líderes, incluindo a ausência notória de Vladimir Putin, que participa remotamente devido a questões jurídicas, e Xi Jinping, representado pelo primeiro-ministro Li Qiang. A agenda do encontro focará na reforma das normas que regulam a ordem internacional, na luta contra a fome e a pobreza, e na promoção de um desenvolvimento sustentável que beneficie mais de 40% da população mundial e cerca de 35% do PIB global.