China manifesta descontentamento com felicitações de Modi ao dalai-lama
Pequim pede precaução à Índia após o primeiro-ministro Narendra Modi elogiar o dalai-lama, acusando-o de separatismo e apelando a uma maior sensibilidade em relação à questão tibetana.

A China expressou hoje a sua preocupação à Índia, instando-a a proceder com "cuidado" no que toca à sensível questão do Tibete, após o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ter enviado cumprimentos ao dalai-lama por ocasião do seu 90º aniversário.
Durante uma conferência de imprensa, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, denunciou o dalai-lama, afirmando que ele tem estado "enredado em atividades separatistas contra a China disfarçadas de práticas religiosas", pretendendo, segundo ela, "dissociar o Tibete da China".
Mao adiantou que a Índia "deve ter total consciência da delicadeza da temática tibetana, reconhecer a natureza separatista e antichinesa do dalai-lama e honrar os compromissos previamente assumidos". A porta-voz enfatizou que Nova Deli "deve ser prudente nas suas declarações e ações", evitando utilizar a questão tibetana como uma forma de interferir nos assuntos internos da China. Além disso, foi revelado que Pequim já apresentou protestos formais ao governo indiano.
Na sua mensagem de felicitação publicada na rede social X, Modi descreveu o líder espiritual tibetano como "um símbolo duradouro de amor, compaixão, paciência e disciplina moral", unindo-se a 1.400 milhões de indianos para expressar os votos calorosos ao dalai-lama.
Desde a sua fuga do Tibete em 1959, o dalai-lama encontrou abrigo na Índia, que tem oferecido refúgio a muitos tibetanos. O líder espiritual, Tenzin Gyatso, reside na cidade de Dharamsala, situada no estado de Himachal Pradesh, nos Himalaias.
Recentemente, o dalai-lama anunciou que a gestão da sua sucessão será feita pelo seu círculo mais próximo, desafiando diretamente a posição da China, que reivindica o controle sobre esse processo e afirma que a "reencarnação" deveria ser considerado um assunto político interno, sujeito à aprovação do governo.
Embora a Índia não reconheça oficialmente o governo tibetano no exílio, o acolhimento e a proteção do dalai-lama têm sido fontes constantes de tensão nas relações diplomáticas entre Nova Deli e Pequim, especialmente tendo em conta os conflitos territoriais existentes nos Himalaias.