Economia

A Estratégia da China para Manter-se no Ientorno Financeiro Global

O economista Lian Ping destaca os desafios e estratégias da China face à pressão dos EUA, enfatizando a importância de se tornar "grande demais para ser excluída" do sistema financeiro.

04/07/2025 07:15
A Estratégia da China para Manter-se no Ientorno Financeiro Global

O economista chinês Lian Ping, presidente do Instituto de Pesquisa Industrial Guangkai e do Fórum dos Chefes Economistas da China, levantou preocupações sobre uma possível ofensiva financeira dos Estados Unidos contra a China. Num ensaio recente, ele advertiu que uma exclusão da China do sistema financeiro global, nomeadamente do SWIFT, representaria altos riscos e custos para Washington e para o sistema financeiro internacional.

Lian afirmou que "a exclusão da China do SWIFT não é uma tarefa simples", sublinhando o tamanho da economia chinesa, que não pode ser ignorada. Apesar de os EUA não controlarem diretamente o consórcio que gere o SWIFT, têm uma influência significativa através do sistema de compensação CHIPS, também conhecido como Clearing House Interbank Payments System.

O economista também destacou que, ao contrário de situações anteriores que envolveram o Irão ou a Rússia, não existe atualmente uma justificativa legal ou legitimidade internacional para excluir a China do SWIFT.

As tensões entre Pequim e Washington têm-se intensificado numa guerra comercial e tecnológica, com os EUA a impor taxas alfandegárias e restrições no fornecimento de tecnologias avançadas. Em resposta, a China adotou medidas semelhantes, mas está preocupada com a possibilidade de sanções financeiras que poderiam prejudicar gravemente o seu comércio, que se realiza predominantemente em dólares.

Lian destacou que, caso tal cenário se concretizasse, a China não teria uma resposta equivalente, dada a atual marginalidade do yuan e do sistema financeiro chinês em contextos internacionais. No entanto, ressaltou que muitos países que participam em sistemas de pagamento internacionais mantêm relações económicas profundas com a China, o que poderia levar a "graves prejuízos" para essas nações se medidas de exclusão fossem implementadas.

Ele ainda salientou que uma exclusão forçada da China do sistema financeiro poderia impulsionar o desenvolvimento de alternativas, como o sistema CIPS (Cross-Border Interbank Payment System), e reforçar a tendência de diminuição da dependência do dólar, o que na verdade enfraqueceria a moeda americana a médio prazo.

Em relação à possibilidade de congelamento de ativos chineses, Lian sugeriu que isso só seria viável num contexto de conflito militar entre os dois países, similar ao que ocorreu com o Japão em 1941. Contudo, admitiu que os EUA poderiam optar por sanções financeiras direcionadas a entidades específicas e usar sua influência sobre bancos internacionais para bloquear ativos chineses fora do seu território.

O economista alertou ainda que a militarização da política monetária pode minar a confiança global no sistema financeiro dos EUA: "A politicização do dólar como instrumento de pressão reduz a credibilidade dos ativos em dólares, colocando em risco a estabilidade económica dos Estados Unidos."

Diante destes desafios, Lian fez um apelo a Pequim para que tome medidas preventivas, como a rápida internacionalização do yuan, o aumento das reservas em ouro e o fortalecimento dos laços económicos com a Europa e outros parceiros comerciais. "O nosso objetivo deve ser tornar-nos 'grandes demais para sermos excluídos'", concluiu.

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