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Enfermeiros da ULS Algarve alertam para crise de sobrecarga e suas consequências

Enfermeiros da ULS Algarve denunciam grave falta de profissionais e apelam à administração para melhorar as condições de trabalho, que estão a comprometer a segurança e qualidade dos cuidados prestados.

há 4 horas
Enfermeiros da ULS Algarve alertam para crise de sobrecarga e suas consequências

Os enfermeiros da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve expressaram preocupação face à atual crise de sobrecarga laboral, resultante da escassez de profissionais. Segundo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), a região enfrenta uma carência estimada em cerca de 1.500 enfermeiros, de acordo com o Regulamento das Dotações Seguras da Ordem dos Enfermeiros.

A situação tem vindo a agravar-se nos últimos anos, refletindo-se na qualidade e segurança dos cuidados ao público, bem como na saúde física e mental dos próprios enfermeiros. O SEP salienta que a administração da ULS, que supervisiona os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, deve assumir a responsabilidade pela situação, que poderá levar os enfermeiros a solicitar a escusa de responsabilidade.

Diante da sobrecarga de trabalho, é comum os enfermeiros terem de cobrir turnos em virtude de ausências médicas de colegas. Um relato de uma profissional da ULS ilustra a gravidade da situação, descrevendo como inicia o seu turno às 08:00, passa pela tarde e retorna ao trabalho no dia seguinte com pouquíssimo descanso.

Com apenas cinco enfermeiros para atender 40 doentes, muitos dos quais com elevadas necessidades de assistência, a capacidade de garantir cuidados dignos e seguros está comprometida. O SEP fez um comparativo revelador entre os rácios de enfermeiros: a OCDE recomenda nove enfermeiros por 1.000 habitantes, enquanto Portugal conta com 7,9 e a ULS Algarve apenas com 4,8 enfermeiros por cada 1.000 habitantes.

A situação é ainda mais dramática em alguns serviços da ULS, onde deveria haver 11 enfermeiros em turnos diurnos, mas frequentemente apenas 7 ou 8 estão presentes. Nos turnos da tarde e noite, as condições tornam-se ainda mais alarmantes. Além disso, a falta de recursos materiais essenciais à prática profissional está a causar um impacto negativo na qualidade dos cuidados prestados.

Os enfermeiros da ULS Algarve afirmam que não podem ignorar o risco de erro devido ao excesso de trabalho e às condições inadequadas. Recusam ser cúmplices na degradação do Serviço Nacional de Saúde e não aceitam trabalhar em contextos que coloquem em causa a segurança e dignidade dos cuidados.

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