Gouveia e Melo defende uma NATO global e critica críticas aos EUA
O candidato à presidência sublinhou a importância de manter Portugal alinhado numa NATO global e alertou para o perigo de uma aliança transatlântica fraca.

Henrique Gouveia e Melo, antigo chefe do Estado-Maior da Armada e atual candidato a presidente, manifestou-se hoje contra a ideia de uma NATO continental, enfatizando a necessidade de uma aliança que mantenha os laços com os Estados Unidos e o eixo transatlântico. Ele expressou estas opiniões durante uma conferência organizada pelos "Estoril Talks", cujo tema principal abordava o "futuro da NATO e da Defesa de Portugal face às mudanças nas relações transatlânticas".
No decurso de uma intervenção de cerca de 20 minutos, Gouveia e Melo, sem evocar diretamente críticos, sustentou que "não é vantajoso para Portugal que a NATO se torne uma potência continental", uma vez que isso levaria o país a uma posição periférica. Para ele, a solução passa por "cultivar a ideia de uma NATO global que responda adequadamente aos novos desafios contemporâneos".
O candidato presidencial indicou que, numa estrutura mais regional, Portugal deveria focar-se nas áreas do Atlântico Norte e do Atlântico Sul, onde a sua influência é mais significativa, destacando as ligações históricas com países como o Brasil e Angola. "Podemos assumir um papel crucial na ligação com África, algo que é visto como relevante pelos nossos aliados americanos", afirmou.
Ainda segundo Gouveia e Melo, a capacidade de monitorizar a atividade submarina de potenciais adversários no Atlântico Norte surge como uma das especializações que Portugal pode desenvolver dentro da NATO. Ele destacou a evolução da Marinha Portuguesa nos últimos três anos, que ganha reconhecimento por parte dos principais aliados, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
No que diz respeito aos investimentos em defesa, Gouveia e Melo manifestou reservas em relação à meta de 5% do PIB para gastos militares em cada nação, alertando para o facto de uma pressão por aquisições rápidas de equipamentos poder prejudicar países que não estão preparados para responder às exigências industriais necessárias. "Muitos países não têm capacidade industrial para um aumento tão rápido, o que favorece nações já industrializadas como os Estados Unidos, a Alemanha e a França", concluiu.