Submarino nuclear americano 'Michigan' realiza paragem nos Açores para reabastecimento
O submarino 'Michigan' fez escala na Terceira para troca de tripulação e mantimentos, em meio a tensões geopolíticas no Atlântico Norte.
No passado domingo, o submarino nuclear 'Michigan', da classe Ohio e com base no Pacífico, ancorou no porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, para proceder à troca de elementos da tripulação e à recepção de mantimentos.
A RTP Açores informou que, nos últimos tempos, os EUA têm mantido a presença de dois submarinos nucleares no Atlântico Norte, próximos dos Açores, em resposta ao aumento do tráfego de submarinos russos na região.
A escala do 'Michigan' estava inicialmente agendada para a ilha de São Miguel, mas foi alterada para a Terceira, onde o submarino se manteve a cerca de três milhas da costa. A operação foi observada por um avião da Força Aérea dos EUA e pela Marinha Portuguesa.
Visitas como esta são uma raridade nos Açores, especialmente desde o fim da Guerra Fria, há mais de três décadas, conforme foi destacado pela CNN Portugal.
O USS Michigan, considerado uma das unidades mais cruciais da Marinha dos EUA, realiza "missões altamente secretas". Embora não transporte mísseis atómicos, é movido por um reator nuclear e está equipado com mísseis de cruzeiro 'tomahawk' e torpedos.
Embora a vigilância do Atlântico pelos EUA esteja ligada à atividade naval russa, até ao momento não foram disponibilizadas informações específicas sobre os motivos da visita do 'Michigan' ao arquipélago açoriano.
Desenhado inicialmente para operar mísséis balísticos Trident I, o submarino foi remodelado em 2006 para a configuração SSGN, permitindo a capacidade de lançar mísseis de cruzeiro 'tomahawk' de seus 24 tubos de lançamento. Com esta configuração, o Michigan pode transportar até 154 mísseis, além de efetuar operações de mobilização de forças de operações especiais.
O USS Michigan continua ativo como um submarino de mísseis guiados, registado na Base Naval de Kitsap, em Bangor, Washington. O seu âmbito operacional abrange a 7.ª Frota dos EUA, que cobre o Oceano Pacífico e áreas adjacentes, com visitas a portos, como o de Busan, na Coreia do Sul.
Além das operações de segurança marítima, o submarino tem participado em missões de apoio à segurança nacional e operações especiais, incluindo intervenções contra forças rebeldes Houthi no Iémen. A furtividade é um dos seus principais trunfos operacionais.
É relevante recordar que, no final de junho, os Estados Unidos utilizaram a Base das Lajes, na Terceira, para o pouso de mais de uma dezena de aviões reabastecedores, poucas horas antes de um ataque às instalações nucleares do Irão, provocando uma onda de críticas, incluindo apelos de esclarecimento por parte do embaixador iraniano e da oposição política em Portugal.