Política

Greve do INEM suscita críticas políticas após trágica morte

A morte de um homem durante uma greve do INEM levanta questões sobre a responsabilidade da ministra da Saúde e a gestão do serviço. Partidos exigem responsabilidades e propõem uma CPI.

26/06/2025 19:00
Greve do INEM suscita críticas políticas após trágica morte

A situação política em Portugal agita-se à volta da morte de um homem de 53 anos em Pombal, ocorrida em Novembro de 2024 durante uma greve do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) considera que "a morte poderia ter sido evitada caso o socorro tivesse sido prestado em tempo adequado".

A resposta do Ministério da Saúde não tardou, atribuindo a responsabilidade a uma alegada falta de diligência de dois profissionais, negando a conexão com a greve do INEM. Contudo, a controvérsia ressurge com força e arrasta partidos de várias correntes políticas para o debate.

Na quinta-feira, o Chega e o Partido Socialista solicitaram responsabilidades políticas em relação à conclusão do relatório da IGAS. O líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, argumentou que a ministra Ana Paula Martins "não tem condições para permanecer" no cargo, criticando a decisão do Governo de a manter no executivo após as últimas eleições legislativas. "A verdadeira responsabilidade seria pedir demissão", afirmou.

Pelo lado do PS, Pedro Delgado Alves expressou a necessidade de uma resposta clara do Governo, questionando o primeiro-ministro se Ana Paula Martins continua à frente da Saúde, agora que se reconhece uma "falha significativa" na gestão do Ministério.

A ministra Mariana Vieira da Silva anunciou que o PS solicitará a presença da ministra no Parlamento para discutir o relatório da IGAS, ressaltando a urgência de assumir responsabilidades.

O PCP, através da líder parlamentar Paula Santos, também exigiu responsabilidades políticas, sublinhando a importância de garantir os meios necessários para o INEM, argumentando que é imprescindível assegurar a operacionalidade dos serviços de emergência.

A Iniciativa Liberal, por sua vez, avançou com a proposta de constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão do INEM. A IL destacou que os atrasos no atendimento durante a greve levantam dúvidas sobre a gestão do serviço, evidenciando uma "clara falta de meios" que compromete a vida dos utentes.

O relatório da IGAS, do qual o jornal Expresso teve conhecimento, sugere que a morte do homem poderia ter sido evitada se houvesse uma evacuação célere para um hospital. Além disso, foram arquivados outros processos relacionados a mortes em situações similares, sem demonstração de causalidade entre as mortes e os atrasos no socorro.

O INEM anunciou a abertura de um processo disciplinar para averiguar a situação e tomar as medidas adequadas, comprometendo-se a seguir as orientações da IGAS.

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