"Hezbollah reafirma resistência e recusa entregar armamento em negociações com Israel"
O líder do Hezbollah, Naim Qassem, rejeita a entrega de armas, desafiando exigências de desarmamento para o cessar-fogo entre Líbano e Israel.

O líder do Hezbollah, Naim Qassem, declarou hoje em Beirute que a milícia não irá ceder à pressão para entregar as suas armas, uma condição proposta nas negociações que visam a suspensão dos ataques israelitas no sul do Líbano. "As ameaças não nos farão capitular. Que ninguém nos peça para depor as armas", afirmou Qassem, em discurso amplamente coberto pela imprensa.
Qassem expressou a sua estranheza face à exigência de desarmamento, sublinhando que os mísseis do Hezbollah são fundamentais para a defesa da organização, que conta com o apoio do Irão. A tensão entre o Hezbollah e Israel tem estado elevada desde o início da guerra na Faixa de Gaza em outubro de 2023, que resultou num frágil cessar-fogo desde novembro do mesmo ano.
A milícia lançou ataques com mísseis sobre o norte de Israel em apoio ao Hamas durante os conflitos em Gaza, que se intensificaram após um ataque do grupo extremista a solo israelita. Seguiram-se retaliações israelitas que levaram à eliminação de líderes Hezbollah, incluindo Hassan Nasrallah.
O acordo mediado pelos Estados Unidos, que contou com o apoio do Presidente libanês Joseph Aoun, previa o desarmamento do Hezbollah e a retirada de tropas israelitas, condicionada ao controlo do exército libanês sobre a região. Contudo, os militares israelitas alegam que as condições não foram cumpridas, continuando a sua ofensiva.
"Não há espaço para rendição aqui", insistiu Qassem, apelando a Israel para cumprir o acordo de cessar-fogo, que inclui a retirada das forças ocupantes e a libertação de prisioneiros libaneses. Qassem enfatizou que, após a implementação deste pacto, poderão ser discutidas questões relacionadas com a segurança nacional e a defesa do Líbano, incluindo o eventual desarmamento do Hezbollah.
O plano para o desarmamento, apresentado pelo enviado dos EUA, Tom Barrack, propõe o controlo governamental sobre todas as armas, uma ideia apoiada pelo Presidente Aoun, que defende a exclusividade do exército na defesa do país.
Barrack está previsto para visitar o Líbano na próxima segunda-feira, com o objetivo de retomar o diálogo sobre esta questão com o governo.