Homenagem alemã à coragem da resistência antinazi no aniversário da falha contra Hitler

A Alemanha realizou hoje uma cerimónia para recordar a resistência ao regime nazi, coincidentemente na data que marca o fracassado atentado contra Adolf Hitler, no dia 20 de julho de 1944, organizado por um grupo de oficiais denominados "conspiradores do 20 de julho", sob a liderança do coronel Claus von Stauffenberg.

Um dos momentos centrais do evento teve lugar no memorial de Ploetzensee, que rememora um local de execução onde os nazis ceifaram a vida de pelo menos 2.800 opositores políticos.

O ator Mathias Brandt, descendente do ex-chanceler Willy Brandt e envolvido na resistência a partir do exílio na Noruega e na Suécia, foi o principal orador. Brandt enfatizou a longa trajetória que se seguiu ao conflito, até que a bravura dos opositores de Hitler fosse devidamente reconhecida, apontando também como muitos foram erroneamente vistos como "traidores da pátria".

“No imediato pós-guerra, os membros da resistência foram frequentemente identificados como indivíduos que provaram ser distintos da massa. Contudo, para muitos, enfrentar a resistência também era confrontar a sua própria passividade diante da opressão nazi”, destacou Brandt.

O orador, que fez questão de referir o legado do seu pai, enfatizou a importância da liberdade conquistada através da coragem de muitos. “Há mais de cinquenta anos, existiu um chanceler que, por ser adversário de Hitler, encontrou abrigo fora da Alemanha. Esta história foi possível porque outra nação, mais civilizada, lhe ofereceu um novo lar”, afirmou.

O ministro da Cultura, Wolfram Weimer, também rendeu honras aos conspiradores do 20 de julho, sublinhando que a resistência deve ser vista na sua totalidade. “Aquele dia viu coragem frente à injustiça, e não podemos esquecer que as famílias das vítimas também demonstraram bravura. Muitas delas pagaram um preço duríssimo, com esposas encarceradas e mães submetidas a interrogatórios”, frisou.

“Infelizmente, não existem tributos apropriados para esses ‘heróis silenciosos’ que, apesar de tudo, deixaram marcas na nossa história”, lamentou o governante.

Stauffenberg foi o arquitetador da Operação Valquíria, um plano que visava aprisionar os líderes nazi após a morte de Hitler, na esperança de pôr fim à Segunda Guerra Mundial prematuramente. O atentado foi executado com a colocação de uma mala bombista, a qual, inexplicavelmente, danificou levemente Hitler, resultando na execução dos principais conspiradores.