País

Iniciativa Alcateia visa restaurar habitats e proteger lobos em Portugal

O 'Programa Alcateia 2035-2035' busca reverter a diminuição do lobo, promovendo a proteção de habitats e harmonizando a coexistência entre humanos e lobos.

há 6 horas
Iniciativa Alcateia visa restaurar habitats e proteger lobos em Portugal

O 'Programa Alcateia 2035-2035' foi hoje apresentado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) no Ministério do Ambiente, com o intuito de reverter o declínio da população de lobos em Portugal, especialmente nas regiões do norte do país e no interior do sul, até ao distrito de Portalegre.

Este programa estabelece quatro objetivos fundamentais: garantir melhores condições ecológicas para a conservação do lobo, promover uma coexistência pacífica com as atividades humanas, aumentar a monitorização e o conhecimento sobre a espécie, e sensibilizar as comunidades para a importância da conservação.

A iniciativa inclui a recuperação de habitats onde os lobos ainda existem e também em áreas onde desapareceram, além da promoção de presas selvagens, como o corço, e da diminuição da mortalidade não natural.

Além disso, visam-se a conservação de corredores ecológicos que conectem as populações de lobos em Portugal e Espanha, bem como a diminuição de conflitos resultantes de ataques a animais de pastoreio, através da agilização do sistema de compensação por danos e da implementação de melhores práticas de proteção do gado.

O Governo pretende reforçar ações de sensibilização e fiscalização, para promover a valorização da conservação do lobo e prevenir atividades ilegais, como a instalação de armadilhas e envenenamento.

Outro objetivo é a valorização cultural e económica do lobo, de forma que sua presença traga benefícios para as comunidades locais, assim como melhorar a colaboração com Espanha na criação de medidas que potenciem a conectividade entre as áreas habitadas por lobos.

O ICNF destacou que o lobo-ibérico (Canis lupus signatus) é uma espécie protegida em Portugal desde 1988, e que a legislação de 2017, o PACLobo, não conseguiu, até agora, inverter a tendência negativa observada no último censo (2019-2021), que revela uma redução de cerca de 20% na área de presença do lobo nos últimos 20 anos.

A degradação e fragmentação do habitat e a mortalidade por intervenção humana são algumas das razões para essa diminuição, com o atropelamento e a caça ilegal a figurarem entre as principais causas de morte registadas.

Assim, o Governo propõe garantir a atualização e o pagamento atempado das indemnizações por danos causados pelos lobos, além de ações concretas para proteger áreas sensíveis, promovendo boas práticas nos setores agrícola, florestal, cinegético e do turismo.

Por último, será disponibilizada uma linha de apoio financeiro para a manutenção de cães de proteção e instalação de vedações para resguardar o gado de eventuais ataques, assim como apoio técnico para medidas de proteção aos criadores.

No mês passado, apesar da União Europeia ter aprovado uma redução do estatuto de proteção dos lobos, Portugal reafirmou sua posição de manter a espécie estritamente protegida, junto com outros países, numa decisão que foi alvo de críticas por parte das organizações ambientais.

#ProtecaoLobo #ConservacaoNatureza #Alcateia2035