Moçambique enfrenta desafios na recuperação da rede rodoviária
O governo moçambicano procura alternativas financeiras para financiar a construção e manutenção de estradas, uma vez que as portagens apenas cobrem uma parte mínima das necessidades.

João Matlombe, o ministro dos Transportes e Logística em Moçambique, revelou hoje a urgência de encontrar novas fontes de receita para viabilizar a construção e conservação das estradas, dado que a receita proveniente de cerca de 40 portagens no país representa menos de 10% do que é necessário. “Atualmente, o objetivo é reestruturar financeiramente e explorar outras alternativas”, afirmou o ministro durante uma visita a obras estradárias na província de Inhambane, no sul do país.
“As receitas das portagens atualmente não são suficientes para atender às necessidades do Fundo de Estradas, além de que não se aplicam a todas as vias,” acrescentou Matlombe, explicando que a gestão dessas portagens é complexa, com empresas privadas como a sul-africana TRAC e a Revimo, que opera com investimento próprio, não transferindo diretamente os fundos para o Estado. “É necessário um esforço coletivo para garantir a manutenção das estradas, já que algumas portagens foram desativadas, como ocorreu este ano na província de Gaza, mas a responsabilidade da manutenção continua a ser do Estado,” explicou.
Em 29 de maio, o governo anunciou ter mobilizado 1.100 milhões de dólares (cerca de 970 milhões de euros) para a reabilitação da Estrada Nacional 1 (N1), a principal ligação do país. O total estimado para a reconstrução é de aproximadamente 3.500 milhões de dólares (3.080 milhões de euros). Matlombe revelou que o governo está a trabalhar para assegurar os recursos necessários para a total recuperação da via.
O executivo também planeia reabilitar mais 340 quilómetros da N1, incluindo segmentos em Inchope-Gorongosa, Chimuara-Nicoadala e Metoro-Pemba. Este projeto conta com financiamento do Banco Mundial, que disponibilizou 850 milhões de dólares (797 milhões de euros), sendo que uma parte significativa será direcionada para a primeira fase da obra. O concurso para a seleção do empreiteiro responsável por 84 quilómetros do troço Gorongosa-Caia já foi lançado.
O ministro alertou para a grave necessidade de reabilitação das estradas, salientando que cerca de 2.620 quilómetros da ligação norte-sul exigem urgência em reabilitação e manutenção, bem como os principais corredores logísticos do país.