Onda de calor em Portugal: 284 mortes em apenas dias
Comemorações de calor em Portugal resultaram em 284 óbitos em excesso entre 28 de junho e julho, principalmente entre idosos. Direção-Geral da Saúde relata que 70% das mortes ocorreram em pessoas com 85 anos ou mais.
Portugal continental enfrentou uma onda de calor severa, resultando em 284 mortes em excesso durante o alerta de tempo quente que começou a 28 de junho. Os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), fornecidos à Lusa, indicam que a maioria dos óbitos ocorreu em indivíduos com 85 anos ou mais, representando mais de 70% do total de mortes em excesso.
É relevante notar que não se registrou um aumento na mortalidade para faixas etárias inferiores a 70 anos. A DGS, na sua atualização, assinalou que o índice Ícaro, que avalia a relação entre a temperatura do ar e a mortalidade, não previu um impacto significativo nos próximos dias, exceto na região do Alentejo, onde pode ocorrer um leve aumento nas mortes.
Em comparação com anos anteriores, o impacto deste episódio é similar ao que foi observado nos últimos dois anos. Em 2024, entre 22 de julho e 04 de agosto, registaram-se 715 mortes em excesso, um aumento de 19% face ao esperado. No ano anterior, entre 21 e 27 de agosto de 2023, foram contabilizados 384 óbitos em excesso, com um aumento de 20% face aos valores previsíveis.
Antecipando a onda de calor, a DGS já tinha emitido, a 25 de junho, diversas recomendações para a população com base em informações do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e outros parceiros sobre proteção contra o calor.
Relativamente às condições meteorológicas, o IPMA informou que, no último fim de semana de junho, cerca de um terço das 90 estações meteorológicas de Portugal continental registaram temperaturas máximas que igualaram ou ultrapassaram os seus anteriores recordes históricos para o mês. Desde 27 de junho até aos primeiros dias de julho, cerca de 59% das estações estavam sob a influência de condições de calor extremo.
Em junho, Portugal experienciou duas ondas de calor, sendo a primeira detectada entre 15 e 20 de junho, em 12 estações. O dia mais quente do mês, 29 de junho, teve uma temperatura média máxima de 38,5°C, superando a média mensal em 11,8°C, enquanto a temperatura mínima média foi de 28,7°C, um desvio de 8,4°C.
A DGS reafirmou seu compromisso em monitorar a situação e atualizar as informações sempre que necessário, visando proteger a saúde pública diante de fenómenos de calor extremo.