"A Criatividade Humana em Tempos de IA: Uma Segunda Perspectiva"
Gonçalo Perdigão, autor de 'Building Creative Machines', expõe a singularidade da criatividade humana em face do avanço da inteligência artificial, defendendo a colaboração entre humanos e máquinas.

Em entrevista à Lusa, o coautor do livro 'Building Creative Machines', Gonçalo Perdigão, expressa a sua convicção de que as máquinas, incluindo a inteligência artificial (IA), não substituirão os seres humanos. "De forma alguma, especialmente no que toca à criatividade", afirma Perdigão, que é também diretor-geral e cofundador da Algorithm G, onde se dedica à IA há quatro anos.
Segundo o especialista, embora as máquinas possam demonstrar criatividade, esta não se equipara à humana. "O humano possui uma gama de características únicas, como vivências, experiências e contexto, que as máquinas não conseguem replicar", sublinha.
A falta de emoção e intuição nas máquinas é um impedimento essencial. "Esses elementos são determinantes na criatividade. As máquinas podem inspirar e desafiar a criatividade humana, mas não a reproduzem", salienta Gonçalo.
Ao explorar a essência da criatividade, que é intrinsecamente emotiva e intuitiva, Perdigão reforça que "as máquinas não conseguem emular o humano". Ele acrescenta ainda que é vital "assegurar que essa substituição não ocorra". Segundo ele, "as máquinas são apenas algoritmos, que seguem regras processadas em modelos matemáticos para gerar respostas".
A criatividade dos seres humanos é "muitíssimo mais complexa" e deve focar-se na maneira como interagimos com as máquinas. "Precisamos de entender como elas podem ser aliadas e co-criadoras", explica Gonçalo.
Os avanços atuais em algoritmos, que podem analisar trilhões de dados disponíveis na internet, possibilitam respostas inteligentes às questões que lhes são colocadas. "A questão que se coloca agora é como podemos tornar esses modelos mais criativos e utilizá-los para estimular a nossa própria criatividade", adiciona.
Com relação ao seu livro, Perdigão partilha que começou a compor diversas peças digitais e artísticas e, há um ano, decidiu compilar esse material numa obra tanto física como digital. Contou com as colaborações de Filipa Matos Baptista e João Santos Pereira, cada um com trajetórias distintas nas esferas corporativa e académica.
O livro, que já ultrapassa as 300 páginas, procura "sinalizar o que está a acontecer neste momento". O autor ressalta que, após décadas de evolução, "as máquinas agora têm a capacidade de criar, o que representa uma mudança significativa". Este trabalho serve para ajudar a entender e navegar por esta nova era da IA.
Por fim, Perdigão expressa a intenção de que o livro contribua para a discussão e para a literacia nas áreas relacionadas com a inteligência artificial.