Acolhimento de Migrantes: Um Chamado à Solidariedade
O arcebispo Joan-Enric Sicília defende que os migrantes são um sinal dos tempos que exige uma resposta evangélica e solidária, destacando a importância da dignidade humana.

O arcebispo espanhol Joan-Enric Vives i Sicília declarou hoje que os migrantes representam um "sinal dos tempos" que nos interpela a agir com solidariedade, e não são vistos como um problema. Durante a homilia da peregrinação internacional, realizada em agosto, Vives i Sicília sublinhou que acolher os migrantes não é uma escolha política, mas uma "exigência evangélica" que implica a defesa da dignidade de cada ser humano.
"Todos os dias, homens, mulheres e crianças atravessam fronteiras em busca de paz, trabalho, segurança e um futuro melhor," lembrou o arcebispo, reconhecendo que, muitas vezes, esses indivíduos deparam-se com a suspeita e a rejeição em vez da acolhida que merecem.
Ao solicitar aos fiéis um compromisso ativo na defesa dos direitos humanos dos migrantes, ele enfatizou direitos fundamentais, como o direito de deixar o próprio país e de ser tratado com dignidade em qualquer fronteira. O acolhimento, segundo ele, é uma questão de justiça, não apenas de caridade.
Reforçando a mensagem de que a verdadeira fé implica em construir "pontes, e não muros", Vives i Sicília exortou a comunidade a estender a mão e evitar a indiferença.
Na sua reflexão, o arcebispo trouxe à memória a mensagem da Virgem de Fátima, que, mais de um século após os eventos de 1917, continua a ressoar com a atualidade, diante de um mundo ainda marcado por guerras, divisões e a tragédia da migração forçada.
Com a presença de cerca de 60 mil peregrinos, o arcebispo recordou a longa trajetória de emigração que caracteriza a história portuguesa e como Portugal sempre acolheu aqueles que buscam melhores oportunidades de vida, pedindo uma resposta coerente com esses valores históricos e evangélicos.
Por fim, Vives i Sicília citou o Papa Francisco, que sublinhou a necessidade de ter sempre em mente as ações de "acolher, proteger, promover e integrar" os migrantes. A migração, segundo o arcebispo, é uma oportunidade para o renovamento das comunidades e um caminho para a fraternidade mútua. Ele pediu à Virgem de Fátima que ajude a transformar as pessoas em instrumentos de paz e defensores da dignidade humana.
A peregrinação internacional, denominada peregrinação dos emigrantes, concluirá na quarta-feira com uma série de celebrações religiosas, incluindo uma procissão eucarística e a missa de encerramento.