Apenas 33% dos jovens portugueses acreditam que poderão adquirir casa

Um estudo recentemente divulgado pela Century 21 Portugal indica que a grande maioria dos jovens em Portugal, apenas 33%, acredita ser possível comprar uma casa nos próximos anos. Esta taxa é significativamente mais baixa em relação aos jovens em Espanha, evidenciando uma diferença de percepções sobre o acesso à habitação.

Os resultados, que surgem de uma análise realizada em conjunto com a Century 21 Espanha, destacam que o acesso à habitação representa um dos maiores obstáculos à autonomia juvenil em ambos os países. O comunicado sublinha que, em face dos preços elevados das casas, rendimentos insuficientes e a escassez de opções acessíveis, um em cada três jovens portugueses espera enfrentar dificuldades para tornar o sonho da casa própria uma realidade.

Em Espanha, por sua vez, a situação é também complexa: cerca de 50% dos jovens entre os 20 e 40 anos acredita que levará de cinco a 15 anos para adquirir uma casa. Entre os 36 e 40 anos, 31% acredita que nunca o conseguirá fazer.

Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal e Espanha, refere que “as desigualdades geracionais são profundas. Embora exista uma forte vontade de emancipação, o sistema habitacional não está a dar resposta a estas necessidades, resultando numa geração adiada”.

Os obstáculos identificados no estudo revelam que, em Portugal, os principais entraves à compra da casa são os elevados preços (43%) e os rendimentos baixos (30%). Em Espanha, a situação é ainda mais alarmante: 80% dos jovens consideram que o custo da habitação é a principal barreira, seguido de 65% que se preocupam com a instabilidade laboral e 54% com a falta de poupança.

No que toca ao desejo de independência, o anseio é claro. Em Portugal, cerca de 65% dos jovens que ainda não se emanciparam planeiam fazê-lo nos próximos dois anos, com 45% a manifestarem um desejo máximo de sair de casa. Do outro lado da fronteira, 37% gostaria de viver sozinhos, mas muitos optam por partilhar a casa com parceiros (46%) ou amigos (20%) por razões financeiras.

O estudo também revela que a maioria dos jovens não considera os apoios públicos adequados: 24% dos jovens portugueses avaliam os incentivos do Estado como suficientes, enquanto 65% dos espanhóis acreditam que os apoios raramente se concretizam.

Apesar das dificuldades, a disposição para sacrifícios revela-se significativa. Em Portugal, 89% dos jovens estão prontos a abdicar de viagens, lazer e compras para alcançar a independência, refletindo o que acreditam que os seus pais também fizeram. Em contraste, na Espanha, 58% dos jovens não estão dispostos a renunciar ao conforto pessoal por si só, mesmo sabendo que isso poderia facilitar a emancipação.