Associação critica prática de encaminhamento para teleconsultas pela Linha SNS24

A Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) expressou, através de um comunicado, a sua preocupação relativamente ao encaminhamento de utentes para teleconsultas realizadas por médicos que não pertencem à equipa de saúde familiar, uma prática que consideram prejudicial à continuidade dos cuidados.

A associação recebeu, de forma recorrente, relatos de profissionais de saúde que apontam para o envio de utentes, mesmo aqueles que já possuem médico de família e estão inscritos em unidades com capacidade para atendimento no próprio dia. Este fenómeno é visto como um possível desperdício de recursos públicos, uma vez que as Unidades de Saúde Familiar têm a capacidade para realizar tais consultas.

Face a esta situação, a USF-AN solicita esclarecimentos ao Ministério da Saúde e à Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) sobre os critérios, algoritmos ou protocolos que sustentam estas decisões de encaminhamento para teleconsultas, em vez de permitir que os utentes sejam atendidos pela sua equipa de saúde familiar.

Com o anúncio de mais de 14.800 teleconsultas realizadas pela Linha SNS24 desde 19 de dezembro de 2024, a USF-AN questiona quantas dessas consultas foram realizadas com utentes que têm médico de família atribuído e qual o custo adicional para o sistema de saúde.

A Associação destaca a importância de que este processo ocorra com “máxima transparência” e “partilha clara de informação”, visando não só a eficiente utilização dos recursos públicos, mas também assegurando a qualidade e segurança dos cuidados prestados, assim como o fortalecimento da relação entre utentes e as suas equipas de saúde familiar.

Os dados oficiais revelados à Lusa no final de dezembro indicam que a Linha SNS 24 recebeu, em 2024, mais de 3,4 milhões de chamadas, quase o dobro em comparação com o mesmo período de 2023.