Mundo

Ativistas angolanos denunciam repressão durante protestos contra aumento de combustível

Protestos em Luanda resultam em feridos e detenções, com organizadores a denunciar a postura repressiva da polícia e a agendar nova manifestação para 26 de julho.

há 3 horas
Ativistas angolanos denunciam repressão durante protestos contra aumento de combustível

No passado sábado, em Luanda, realizaram-se protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes, que resultaram em pelo menos nove feridos, três dos quais com gravidade, e 17 detenções. Os dados foram divulgados por Adilson Manuel, porta-voz do movimento social que contesta o decreto governamental que provoca estes ajustes.

Manuel, durante uma conferência de imprensa que fez o balanço da manifestação, exprimiu a sua insatisfação relativamente à intervenção policial que, segundo ele, foi de natureza autocrática. Embora 16 dos detidos tenham sido libertados no próprio dia, uma pessoa permanece presa e será julgada sumariamente por alegadas ofensas às autoridades.

“O balanço que fazemos é misto; por um lado, conseguimos expressar o nosso descontentamento, mas, por outro, a polícia impediu-nos de seguir o nosso percurso”, lamentou Adilson Manuel.

A polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, incluindo ativistas, membros da sociedade civil e representantes de partidos políticos da oposição, que tentavam chegar ao Largo da Maianga, mas acabaram impedidos à entrada do Largo da Independência.

Os organizadores já anunciaram uma nova manifestação marcada para o dia 26 de julho e afirmaram que antes disso enviarão uma petição ao Presidente João Lourenço e à ministra das Finanças, Vera Daves, solicitando a revisão do decreto que ajustou os preços do combustível.

"O povo não pode suportar os encargos resultantes do aumento dos preços, que afetam profundamente a qualidade de vida em uma sociedade onde o custo de vida já é extremamente elevado”, declarou o ativista.

Ele também destacou que questões como desemprego, fome, pobreza e criminalidade agravam ainda mais a vida dos cidadãos em Angola. “Esta situação não é sustentável e a sociedade está a padecer lentamente. É essencial que as políticas do governo estejam alinhadas com o bem-estar social e que não se transformem em uma espiral de pobreza e exclusão”, afirmou.

O porta-voz do Comando Geral da Polícia de Angola, subcomissário Mateus Rodrigues, defendeu a ação da corporação como necessária para manter a ordem pública, referindo que os manifestantes não seguiram o itinerário estabelecido. Ele indicou que dois feridos foram reportados como consequência dos protestos.

A UNITA, maior partido da oposição em Angola, emitiu um comunicado condenando a violência policial contra os manifestantes e relatando que alguns dos seus deputados estiveram presentes nos protestos. O partido qualificou as detenções como arbitrárias e a repressão como uma violação da constituição e da lei, em resposta a uma manifestação pacífica.

#ProtestosAngola #DireitosHumanos #JustiçaSocial