Celebrações de Ashura em meio a tensões com Israel marcam o luto muçulmano

Na jornada de luto que rememora a morte de Hussein, neto do profeta Maomé, milhões de muçulmanos xiitas em todo o mundo, especialmente no Irão e no Iraque, participaram hoje das celebrações da Ashura. Esta data, que tem repercussões profundas para a tradição xiita, diz respeito à Batalha de Karbala, ocorrida em 680, onde Hussein e seus companheiros foram mortos após se oporem ao califado omíada. Este evento é essencial na história do Islão, simbolizando a luta contra a tirania e a injustiça.

Em terras iranianas, as procissões ganharam um forte caráter nacionalista, reflexo das tensões resultantes da recente guerra de 12 dias com Israel, que culminou em junho passado. As celebrações foram marcadas por cânticos patrióticos e a leitura de poemas testemunhando a situação geopolítica atual, algo que surpreendeu muitos observadores, segundo a EFE.

Ali Khamenei, líder supremo do Irão, fez a sua primeira aparição pública na véspera da Ashura, destacando a relevância do momento em que se encontram. O conflito entre o Irão e Israel resultou em ataques a vários alvos militares e nucleares, com um custo de vidas significativo, incluindo a morte de altos comandantes e cientistas.

No Iraque, um grande número de peregrinos de várias partes do mundo afluíram ao país para participar das celebrações em Kerbala e outros locais sagrados. O Ministério do Interior local informou que, até ao momento, não houve relatos de problemas de segurança, reforçando a vigilância nas fronteiras para assegurar a tranquilidade das festividades.

A Ashura, que tem lugar no décimo dia do mês islâmico de Muharram, é vista de maneira diversa entre os sunitas e os xiitas. Enquanto os sunitas reconhecem a data como um tributo à saída de Noé da arca e ao êxodo de Moisés, para os xiitas representa o martírio que definiu a divisão entre os dois principais ramos do Islão.