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Chiúre regista afluxo massivo de refugiados em busca de segurança

Mais de 11 mil famílias deslocaram-se para Chiúre em apenas uma semana, escapando da violência crescente dos grupos armados em Cabo Delgado, Moçambique. A crise humanitária intensifica-se.

01/08/2025 19:25
Chiúre regista afluxo massivo de refugiados em busca de segurança

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) reporta que, na semana passada, mais de 11 mil famílias buscaram refúgio na sede do distrito de Chiúre, na província de Cabo Delgado, devido a uma escalada de ataques por grupos armados.

Entre os dias 24 e 30 de julho, o relatório da OIM revela um aumento significativo de deslocações forçadas, com famílias abandonando as suas casas em várias comunidades, especialmente no posto administrativo de Chiúre Velho, que tem sido gravemente afetado pela insegurança.

Os novos movimentos de pessoas abarcaram pelo menos 11 bairros, incluindo Chiúre Velho Sede, Miconi e Magaia. A província, rica em recursos de gás, enfrenta desde 2017 uma insurreição que resultou em milhares de mortes e uma severa crise humanitária, com mais de um milhão de deslocados.

Até ao dia 30 de julho, foram registados oficialmente 11.597 agregados familiares, totalizando 49.093 indivíduos, dos quais 57% são crianças. Entre os deslocados, 6.220 famílias (25.953 pessoas) encontraram abrigo no Centro de Trânsito de Miconi, enquanto 5.374 famílias (23.127 pessoas) se encontram no Centro de Namissir, e 13 indivíduos no Bairro 30 de Junho.

As avaliações realizadas por instituições locais em colaboração com a OIM identificaram várias necessidades humanitárias imediatas, incluindo assistência alimentar, produtos não alimentares, abastecimento de água, kits de dignidade e abrigo temporário.

No centro de Namissir, a OIM alerta para o preocupante número de famílias que dormem ao ar livre, aumentando o risco de proteção. Muitas delas estão a depender da hospitalidade de comunidades vizinhas, que já enfrentam recursos escassos.

Distribuições de kits de higiene e alimentos foram feitas entre sexta-feira e domingo, para apoiar as famílias recém-chegadas nos centros de trânsito.

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, admitiu na quinta-feira que a atividade de grupos armados tem aumentado nos últimos três meses, especialmente a partir do final de junho, o que provocou uma nova onda de deslocados em direção a Chiúre e à vizinha Nampula.

Em relatos de ataques no dia 24, elementos do grupo extremista Estado Islâmico atacaram Chiúre Velho, levando materiais e armamento. As autoridades moçambicanas confirmaram que cerca de 12 mil pessoas estão deslocadas devido a esses ataques, enquanto agências de ajuda contabilizam mais de 34.000 novos deslocados entre 20 e 25 de julho devido a violentos confrontos nos distritos de Chiúre, Ancuabe e Muidumbe.

Até agora, 2024 já registou pelo menos 349 mortes relacionadas com ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, conforme apontado por um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).

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