Congresso dos EUA antecipou férias para lidar com o caso Epstein
A Câmara de Representantes adianta pausa de verão enquanto surgem chamadas para mais transparência sobre o caso Epstein, com Mike Johnson a justificar a decisão.

Hoje, o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Mike Johnson, anunciou que a suspensão das atividades legislativas para as férias de verão começará mais cedo do que o habitual. Esta antecipação surge em meio a um clamor dos membros do Partido Republicano para a divulgação de documentos adicionais relacionados ao caso de Jeffrey Epstein.
A alteração na agenda legislativa da câmara baixa do Congresso foi impulsionada por republicanos que pedem uma votação, com a intenção de obter apoio bipartidário para que mais informações sejam divulgadas. Em Washington, Johnson explicou que este ajuste na pausa de um mês foi feito para conceder "espaço" à Casa Branca para que esta comunique diretamente dados sobre Epstein.
"Não faz sentido o Congresso pressionar um governo a realizar algo que já está a acontecer", declarou Johnson durante a sua conferência de imprensa semanal, que antecede a partida dos deputados para a pausa tradicional de agosto.
Enquanto isso, o ex-presidente Donald Trump, num contexto de pressão de segmentos conspiracionistas da sua base política, foi confrontado com questionamentos sobre a sua relação com Epstein, um criminoso sexual com quem teve laços por várias décadas. Trump negou qualquer envolvimento com os crimes de Epstein e afirmou que a amizade foi encerrada há algum tempo.
Na Casa Branca, Trump desviou a atenção de perguntas relacionadas à decisão do Departamento de Justiça de interrogar Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein e condenada por colaboração nos abusos, preferindo centrar-se em um novo relatório do seu diretor de informações que coloca em causa as conclusões sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016.
O porta-voz de Obama, Patrick Rodenbush, reagiu de forma crítica às alegações de Trump, considerando-as "ridículas" e uma tentativa de desviar a atenção de assuntos mais relevantes.
O procurador-geral adjunto, Todd Blanche, confirmou que o Departamento de Justiça ouvirá Maxwell pela primeira vez. O anúncio coincidiu com críticas a Pam Bondi, procuradora-geral, pelos apoiantes de Trump que exigem a publicação de todas as provas sobre os crimes de Epstein.
Blanche revelou que entrou em contato com o advogado de Maxwell, que cumpre uma pena longa por seu envolvimento com Epstein, e salientou que o FBI está preparado para ouvir qualquer informação relevante que ela possa fornecer sobre outros envolvidos.
Em resposta ao anúncio do Departamento de Justiça, Trump disse não ter conhecimento prévio da decisão, mas considerou a ação "apropriada". A insatisfação cresceu entre os apoiantes de Trump, especialmente após resultados de investigações que desmentiram rumores sobre uma lista de "clientes famosos" de Epstein e reafirmaram que a sua morte em 2019 foi um suicídio.
As controvérsias intensificaram-se ainda mais após a publicação de uma alegada "carta obscena" que Trump teria enviado a Epstein, cuja veracidade ele negou. Além disso, uma subcomissão do Comité de Supervisão da Câmara, dominada por republicanos, avançou com uma resolução para intimar Maxwell a depor, o que o Departamento de Justiça se comprometeu a seguir.