Crise na ULS Braga: Médicos Alertam para Risco de Vida em Pacientes
Médicos da ULS Braga denunciam intransigência do Conselho de Administração que compromete a segurança de doentes em situações de emergência. Situação exige resposta urgente.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) expressou, esta sexta-feira, preocupações sérias sobre a gestão da Unidade Local de Saúde (ULS) Braga, acusando o Conselho de Administração de "intransigência" e de "colocar vidas humanas em perigo". A organização exige a regularização imediata dos pagamentos de horas extraordinárias devidos à equipa de neurorradiologia de intervenção, cujas funções têm sido interrompidas.
Num comunicado, a FNAM alertou para as consequências da paralisação desses serviços, especialmente em situações críticas, como os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) isquémicos agudos, onde a falta de atendimento pode ser fatal. Os doentes com necessidade de tratamento fora do horário habitual estão a ser reencaminhados para unidades hospitalares no Porto e em Gaia, o que agrava o tempo de resposta clínica e compromete a sobrevivência.
A ULS Braga reconheceu que as limitações no tratamento endovascular emergente têm sido uma realidade nas últimas semanas. A interrupção deste serviço decorre da indisponibilidade dos neurorradiologistas, que exigem garantias de pagamento de acordo com a Portaria n.º 355/2024/1, que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2025. Esta portaria estabelece que cada ato médico de tratamento endovascular deve ter uma remuneração de 1.200 euros.
Entretanto, a FNAM contesta esta interpretação, afirmando que a ULS Braga ignora a aplicação da legislação, ao contrário de outras unidades da região norte, onde os pagamentos são efetuados em conformidade. O Sindicato dos Médicos do Norte já exigiu a regularização da situação, com efeitos retroativos ao início do ano e com um prazo definido até 31 de agosto de 2025, advertindo que, em caso de não cumprimento, poderão recorrer à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e aos tribunais.
A ULS Braga, por sua vez, assegura que não pode assumir os pagamentos reivindicados sem um fundamento jurídico prévio, e que solicitou orientações ao Serviço Nacional de Saúde para resolver a situação, salvaguardando assim o interesse público e a continuidade do atendimento.