Desabamento na mina El Teniente: Em busca dos mineiros desaparecidos

O presidente do Chile, Gabriel Boric, confirmou que, passadas 48 horas desde o desabamento na mina El Teniente, a maior exploração de cobre do mundo, ainda não foi possível contactar os cinco mineiros que se encontram presos numa galeria subterrânea.

Numa conferência realizada na sede da mina em Rancagua, operacionalizada pela Companhia Nacional de Cobre do Chile (Codelco), Boric frisou que todos os esforços estão a ser concentrados no resgate dos trabalhadores encurralados.

“Existem muitos detalhes que precisam ser esclarecidos sobre esta situação e o acidente. Contudo, neste momento, a prioridade é o resgate dos cinco mineiros. As questões sobre responsabilidades e culpabilidade terão de ser abordadas posteriormente”, declarou Boric.

“Justiça e esclarecimentos são essenciais, mas agora a nossa atenção e recursos estão dedicados ao resgate”, enfatizou, reconhecendo que a saúde e condição dos mineiros ainda são desconhecidas.

A lista dos mineiros presos inclui: Álex Araya Acevedo, Carlos Arancibia Valenzuela, Jean Miranda Ibaceta, Gonzalo Núñez Caroca, e Moisés Pavez Armijo. “Temos localizado a posição deles através de dispositivos de geolocalização, mas o contacto ainda não foi estabelecido, o que torna precariedade a situação”, acrescentou o líder chileno.

O incidente foi desencadeado por um sismo de magnitude 4,2, que ocorreu na tarde de quinta-feira a 500 metros de profundidade e resultou numa "explosão de rocha". Além dos mineiros presos, a tragédia culminou na morte de um trabalhador e deixou nove feridos.

A Codelco está a desenvolver um plano de resgate com uma equipa de 100 especialistas que trabalham na remoção das rochas que bloqueiam a galeria. O objetivo é alcançar os mineiros o mais rapidamente possível.

A causa do sismo ainda não é clara, com investigações em curso para determinar se se tratou de um evento natural ou resultado das operações de perfuração. Assim, o Ministério Público da região de O'Higgins deu início a uma investigação.

De acordo com um trabalhador que foi testemunha do acidente, os mineiros estão numa área de acesso complicado, mas têm recursos suficientes para sobreviver por algum tempo. “Neste setor, há abrigos mineiros com capacidade para cerca de 20 pessoas, equipados com oxigénio, água e alimentos para vários dias”, afirmou.

A mina El Teniente, parte da cordilheira dos Andes, tem uma história que remonta a operações artesanais desde o período pré-hispânico. É notável pela sua dimensão, com mais de 4.500 quilómetros de túneis, e desde 1971 está sob a gestão da Codelco, a principal produtora de cobre a nível mundial, com uma produção prevista de 356.000 toneladas métricas de cobre fino em 2024.

O presidente da Câmara Mineira do Chile, Manuel Viera, descreveu a magnitude da mina: "El Teniente contém em si um maciço rochoso único e é assim tão vasta que inclui várias outras minas. Diariamente, mais de 20.000 operários lá trabalham, fazendo recordar uma pequena cidade".

O local também proporciona várias comodidades aos funcionários, incluindo um casino, cantina, escritórios e oficinas, revelando um microcosmos próprio dentro do subterrâneo chileno.