Economia

Desinvestimento das empresas norte-americanas na China atinge níveis alarmantes

Segundo um inquérito da Câmara de Comércio EUA-China, as expectativas de novos investimentos em 2025 revelam incertezas políticas e a guerra comercial como principais causas de desinvestimento.

há 5 horas
Desinvestimento das empresas norte-americanas na China atinge níveis alarmantes

As empresas norte-americanas operando na China antecipam um período de investimento inédito em mínimos históricos para 2025, conforme um estudo recente da Câmara de Comércio EUA-China, divulgado hoje. Entre os fatores citados estão as incertezas políticas e a guerra comercial, que continuam a gerar um clima de desconfiança.

A economia chinesa enfrenta uma desaceleração notável, caracterizada por uma procura interna fraca e uma sobrecapacidade industrial, elementos que têm afetado a rentabilidade das operações das multinacionais no país. Sean Stein, presidente da Câmara, destaca que “as empresas estão atualmente a enfrentar níveis de rentabilidade inferiores aos de anos anteriores, e os riscos — desde questões reputacionais às regulamentares — aumentaram significativamente”.

O inquérito, que contou com a colaboração de 130 empresas entre março e maio, surge num cenário marcado por tensões comerciais entre Pequim e Washington, que se agravaram com a implementação de tarifas e restrições à exportação de produtos cruciais, como semicondutores avançados.

Embora tenham ocorrido negociações em Genebra e Londres que resultaram em alguns acordos para mitigar restrições, a falta de um pacto comercial duradouro mantém a incerteza no setor. Um dado preocupante revela que mais de 50% das empresas inquiridas não preveem realizar novos investimentos na China este ano, um recorde sem precedentes, conforme apontou Kyle Sullivan, vice-presidente da entidade.

Adicionalmente, cerca de 40% das empresas relataram severos efeitos negativos decorrentes das medidas de controlo das exportações promovidas pelos EUA, incluindo perda de vendas, deterioração de relações comerciais e danos na reputação, uma vez que são vistas como parceiros pouco fiáveis.

Estes controles afetam especialmente produtos de alta tecnologia devido às suas possíveis aplicações militares, o que é uma preocupação constante em Washington. Sean Stein alertou que as limitações devem ser implementadas de forma precisa, para evitar que empresas europeias, japonesas ou mesmo chinesas ocupem o espaço deixado livre pelas norte-americanas.

Recentemente, a Nvidia recebeu a luz verde do governo dos EUA para voltar a vender à China os chips H20, voltados para sistemas de inteligência artificial, segundo o seu CEO, Jensen Huang. Contudo, os semicondutores mais avançados ainda estão subjugados a restrições severas.

Ainda que 82% das empresas tenham reportado lucros em 2024, menos de metade expressaram otimismo em relação ao futuro das suas operações na China, mencionando tarifas, deflação e incertezas políticas como fatores de risco.

O número de empresas norte-americanas com intenções de transferir operações para fora da China atingiu igualmente um pico histórico de 27%, contra os 19% do ano anterior. Pela primeira vez em vários anos, questões como o ambiente regulatório, a proteção da propriedade intelectual e o acesso ao mercado deixaram de ser a prioridade das preocupações para estas empresas.

Como observou Sean Stein, “não é que a situação tenha melhorado, mas sim que novos desafios, muitos dos quais provenientes dos EUA, emergiram como igualmente problemáticos”.

Quase todas as empresas consultadas reconheceram, no entanto, que a sua competitividade global seria impossível sem presença no mercado chines. Um relatório anterior da Câmara de Comércio da União Europeia na China, publicado em maio, confirmou tendências semelhantes de cortes de despesas e planos de redução de investimentos, devido à desaceleração económica e à forte concorrência local.

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