Detenção de médico lusodescendente na Venezuela gera protestos da oposição
A oposição venezuelana reporta a detenção de Manuel Enrique Ferreira, médico radiologista, levantando preocupações sobre repressão política no país.

A oposição venezuelana revelou, hoje, que Manuel Enrique Ferreira, um médico radiologista e ex-líder associativo com raízes lusas, foi detido em Barquisimeto, no estado de Lara, na tarde do passado sábado, 19 de julho. A detenção, realizada por indivíduos sem identificação e sem apresentação de uma ordem judicial, gerou apreensão, uma vez que ainda se desconhece o seu paradeiro.
A detenção de Ferreira ocorreu após relatos de que, nos dias anteriores, as forças de segurança detiveram vários cidadãos em operações consideradas por muitos como motivadas politicamente. A Plataforma Unitária Democrática (PUD), que agrega os principais partidos da oposição, descreveu estes eventos como alarmantes, denunciando um aumento da repressão em todo o país.
No comunicado, a PUD frisou que "Nos dias 17 e 18 de julho, a Venezuela vivenciou eventos profundamente preocupantes, com cidadãos sendo retirados à força das suas casas em diversas regiões." A oposição também afirmou que "quase mil pessoas estão sequestradas" por motivos políticos, sublinhando que a repressão neste contexto se intensificou dramaticamente.
O Comando Com a Venezuela criticou a detenção de Ferreira e a utilização de prisioneiros políticos como "moeda de troca" em "negociações obscuras". Num comunicado separado, o partido alertou que, nas últimas 72 horas, foram realizadas mais de doze prisões por razões políticas e transferências de prisioneiros para estabelecimentos penitenciários comuns a partir do célebre cárcere de El Helicoide.
A situação de Ferreira coloca em evidência a urgência de uma solução abrangente para a crise na Venezuela. A oposição reafirmou a necessidade de libertar os cerca de mil prisioneiros políticos ainda detidos, clamando por justiça e liberdade para todos os cidadãos encarcerados injustamente.
Recentemente, houve um acordo entre Caracas e Washington que resultou na libertação de 252 venezuelanos deportados dos Estados Unidos em troca de prisioneiros políticos, mas muitos ainda questionam a legitimidade deste processo e a liberdade dos líderes opositores.