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Estudo revela que jovens gamers em busca de fuga estão expostos a riscos

Uma investigação do Ispa indica que jovens que jogam para escapar da realidade têm maior probabilidade de desenvolver perturbações, sendo o tempo de jogo um indicador pouco confiável.

há 3 horas
Estudo revela que jovens gamers em busca de fuga estão expostos a riscos

Um novo estudo realizado por investigadores do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (Ispa) aponta que jovens que se refugiam no universo dos videojogos para evitar a realidade ou em busca de validação estão mais propensos a desenvolver problemas emocionais. Este estudo, publicado recentemente nas revistas 'Journal of Behavioral Addictions' e 'Addictive Behaviors', sugere que a quantidade de tempo passado a jogar nem sempre é um sinal de alerta.

A investigação, que analisou uma amostra de 5.222 indivíduos com mais de 16 anos de 112 países, foi liderada pelos investigadores Cátia Martins e Castro e David Dias Neto, que identificaram quatro perfis psicológicos de jogadores, variando em graus de vulnerabilidade.

Os resultados revelaram dois grupos que utilizam os videojogos de forma "positiva e social": o "perfil eviante", representando 20,16% dos inquiridos, é composto por gamers mais velhos que preferem jogar por lazer e interagir 'offline'. O outro grupo, mais numeroso (38,95%), é o "perfil envolvido", caracterizado por jogadores emocionalmente equilibrados que integram os jogos de maneira saudável nas suas vidas sociais.

Cátia Martins e Castro explica que estes jogadores valorizam a convivência social, jogando frequentemente com amigos ou familiares, e alguns até encontraram nos jogos uma forma de se conectar com filhos que vivem longe.

No entanto, quando a atividade de jogo começa a interferir com outras áreas da vida, surgem os problemas. "O critério essencial é a funcionalidade do indivíduo", sublinha a especialista, que destaca as implicações na vida académica, profissional e nas relações interpessoais.

A perturbação de jogo digital, classificada pela Organização Mundial de Saúde, é diagnosticada quando a pessoa apresenta "impacto funcional significativo, perda de controlo e persistência dos sintomas por mais de 12 meses". Não é a quantidade de horas jogadas que determina o risco, afirma a investigadora, indicando que a motivação e a regulação emocional são fatores mais críticos.

Com uma prevalência de 26,01%, o "perfil relacional" mostra sinais de risco e é comum entre jovens e indivíduos não-binários que buscam nas plataformas de jogo reconhecimento e interação social. Contudo, esse tipo de dependência pode prejudicar as suas relações na vida real.

Menos comum, mas ainda mais alarmante é o "perfil desregulado" (15,78%), que abrange jovens, principalmente rapazes com baixa escolaridade, que buscam escapar da realidade nas suas experiências de jogo.

Os investigadores ainda alertam para influências externas, como características específicas dos jogos que podem agravar comportamentos aditivos através de recompensas e notificações constantes.

Cátia Martins e Castro enfatiza que a compreensão e diagnóstico dos diferentes perfis são fundamentais para desenvolver programas de prevenção eficazes. Para os pais, é crucial observar a dinâmica das relações e ter conversas abertas, como perguntar "Como é que se joga?" ou "O que te atraí neste jogo?", para melhor compreender as motivações das suas crianças.

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