Ferro Rodrigues clama por uma candidatura à presidência que represente a Esquerda

O antigo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, manifestou a sua desapontamento pela falta de uma candidatura à Presidência da República que reflita as aspirações do eleitorado da Esquerda Democrática e de uma parte significativa do Partido Socialista (PS). Em declarações à Lusa, Ferro abordou a situação no contexto das eleições presidenciais do próximo ano.

Sobre os candidatos já conhecidos, sublinhou que a direita parece estar satisfeita e que, através de seus comentadores, pressiona para que não haja movimentos relevantes à esquerda. "Lamento que até ao fim de julho não tenha sido anunciada uma candidatura que responda aos anseios da Esquerda Democrática", afirmou.

Ferro Rodrigues destacou que a questão vai além de personalidades e toca em lacunas programáticas que devem ser preenchidas. “É necessária e urgente uma candidatura democrática e humanista, a curto prazo", apelou, esperando que surjam novidades nas próximas semanas, deixando claro que todos estão convidados a participar neste desafio.

Questionado se teria um nome a sugerir, Ferro comentou que já se referiu à hipótese de Sampaio da Nóvoa, a quem vê com bons olhos. No entanto, ele insiste que o foco deve ser o apelo global à Esquerda, sugerindo que quem já rejeitou esta possibilidade deveria reconsiderar.

Sobre figuras em potencial, como Mário Centeno, que deixará o cargo de governador do Banco de Portugal, Ferro preferiu não personalizar a discussão. Defendeu, sim, que Portugal necessita de uma candidatura que se oponha à ascensão da extrema-direita no contexto democrático. “Precisamos de uma voz que intervenha na crise de confiança existente na União Europeia, acelerada por concessões perigosas à administração Trump", afirmou.

O ex-líder do PS faz um apelo forte contra as violações dos direitos humanos, mencionando especificamente a situação na Faixa de Gaza e a Cisjordânia, enfatizando a importância do reconhecimento do Estado palestiniano por Portugal. António José Seguro e António Filipe, apoiado pelo PCP, são já candidatos com uma orientação mais à Esquerda, mas Ferro espera que mais nomes surjam.