Guterres cria painel científico para avaliar consequências de uma possível guerra nuclear
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou a formação de um painel de 21 especialistas independentes que analisará os impactos de uma eventual guerra nuclear.

António Guterres, o secretário-geral das Nações Unidas, anunciou hoje a constituição de um painel científico independente composto por 21 especialistas. Esta iniciativa visa estudar os efeitos físicos e as repercussões sociais de uma potencial guerra nuclear.
O painel terá a responsabilidade de investigar as consequências em diversas escalas, incluindo locais, regionais e globais, abrangendo os dias, semanas e décadas seguintes a um conflito nuclear.
Os peritos analisarão o impacto que uma guerra nuclear poderia ter em múltiplas áreas, desde a saúde pública até ao estado dos ecossistemas, passando pela agricultura e pelos sistemas socioeconómicos a nível mundial. Este esforço foi destacado no comunicado do gabinete de Guterres.
Vale lembrar que o último estudo abrangente deste tipo realizado pela ONU aconteceu há quase 40 anos, em 1988.
A criação deste painel resulta de uma solicitação da Assembleia-Geral da ONU e reflete um contexto internacional em que o risco de um confronto nuclear é considerado mais elevado do que em tempos da Guerra Fria. A ONU sublinhou que as armas nucleares continuam a ser usadas como instrumentos de coerção e que os arsenais nucleares estão em constante atualização, sugerindo que uma nova corrida armamentista possa estar a surgir.
Embora os nomes dos especialistas não tenham sido divulgados, o comunicado indica que estes vêm de todas as partes do mundo e são reconhecidos como líderes em suas áreas, englobando diversas disciplinas científicas.
O painel pretende também buscar contribuições de várias partes interessadas, incluindo organizações internacionais, regionais, o Comité Internacional da Cruz Vermelha, a sociedade civil e as comunidades impactadas.
A primeira reunião do painel terá lugar em setembro e um relatório final será apresentado à Assembleia-Geral da ONU em 2027.