Líderes da mesquita de Torre Pacheco fazem apelo à juventude para evitar confrontos
Imãs da mesquita de Torre Pacheco reuniram-se com jovens marroquinos para pedir que permaneçam em casa, após uma série de tumultos que resultaram em detenções.

Na madrugada de hoje, dez imãs da mesquita de Torre Pacheco, em Múrcia, Espanha, juntaram-se a dezenas de jovens marroquinos com um apelo claro: que ficassem em casa para evitar novos confrontos nas ruas da cidade.
Este encontro ocorreu cerca das 22:00 numa das principais artérias do bairro de San Antonio, que tem sido o epicentro dos distúrbios nos últimos dias. A reunião foi realizada sob a vigilancia dos meios de comunicação, embora os porta-vozes tenham solicitado que a assembleia não fosse registrada em busca de tranquilidade.
Um dos imãs enfatizou que a violência recente é atribuída à chegada de indivíduos de fora da comunidade, sublinhando que marroquinos e espanhóis na cidade têm sempre coexistido pacificamente. "Estamos a tentar acalmar os jovens para que não haja mais violência nesta fase", afirmou, frisando a necessidade de evitar o racismo.
Acrescentou ainda que o desejo é de paz e que as forças de ordem, como a Guardia Civil, desempenhem o seu papel para a segurança da população, expressando descontentamento com comportamentos delinquentes que afetam a comunidade. O apelo surgiu após um ataque a um vecino de 68 anos, que provocou receios e ameaças contra a comunidade marroquina local.
Relativamente a uma manifestação convocada para hoje às 22:00 por grupos de extrema-direita, os imãs reiteraram que a presença de agitadores externos poderia exacerbar as tensões existentes na cidade.
A onda de violência, que teve início na passada sexta-feira, já resultou em dez detenções, incluindo três ligadas ao ataque ao reformado. Mariola Guevara, delegada do governo em Múrcia, confirmou que foram identificadas cerca de 80 pessoas, muitas das quais com antecedentes de violência.
A agressão contra Domingo, o residente, levou a grupos de extrema-direita a atacar pessoas de origem africana, mesmo na presença de forças de segurança. O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, anunciou que a segurança seria reforçada nos dias seguintes.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, há aproximadamente 920.000 marroquinos a viver em Espanha, a maior comunidade de imigrantes do país.