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Lourinhã: Novas Descobertas Revelam Conexões Históricas com a Produção de Açúcar

Investigações arqueológicas na Lourinhã desvendam uma olaria do século XVI que produzia recipientes para a indústria açucareira colonial.

há 10 horas
Lourinhã: Novas Descobertas Revelam Conexões Históricas com a Produção de Açúcar

A Lourinhã, conhecida pelo seu rico património histórico, está a ganhar nova relevância graças a descobertas arqueológicas que a ligam às rotas de exploração e à produção de açúcar. Investigadores da Universidade Nova de Lisboa identificaram uma olaria, datada do século XVI, que produzia recipientes destinados a serem enviados para as colónias portuguesas, onde eram fundamentais para a produção de açúcar.

André Teixeira, um dos investigadores envolvidos, afirmou à Lusa que a conexão entre os recipientes encontrados nas colónias e a produção na Lourinhã é "quase certa". As análises químicas estão em curso para confirmar a origem, mas as semelhanças nas formas, na técnica de fabrico e no tipo de argila já fazem crer na relação significativa entre os achados e a olaria local. "Estamos a fazer essa conexão claramente", sublinhou Teixeira.

As escavações em curso, que decorrem num terreno agrícola, permitiram aos arqueólogos descobrir o forno da olaria, assim como diversos fragmentos cerâmicos. José Bruno Cruz, também arqueólogo envolvido no projeto, enfatizou que este forno é único no contexto rural português, do qual existem apenas uma dúzia no país.

As investigações surgem no quadro da requalificação do Forte de Paimogo, onde os arqueólogos têm procurado vestígios do passado. Eles encontraram uma área queimada, possivelmente relacionada com a atividade de um forno. Como parte do seu doutoramento, Cruz está a desenvolver a Carta Arqueológica da Lourinhã, que visa mapear e entender o património da região.

A plantação de açúcar é um aspecto crucial da colonização portuguesa, levando os investigadores a explorar os primeiros estabelecimentos coloniais e engenhos açucareiros. Os recipientes produzidos na Lourinhã eram enviados para locais como Madeira, Cabo Verde, Canárias e São Tomé e Príncipe, com a possibilidade de terem chegado ao Brasil.

A população local, com forte ligação ao mundo rural, desempenhou um papel essencial na expansão portuguesa ao fornecer cerâmicas que atendiam a uma necessidade crescente nas colónias. O projeto de investigação conta com a colaboração de estudantes da Universidade Nova de Lisboa e é apoiado pela Câmara Municipal da Lourinhã e pelo Museu local.

Os recipientes cerâmicos tinham uma forma cónica e um orifício na parte inferior, sendo utilizados para drenar o melaço produzido durante a transformação da cana-de-açúcar em açúcar. Após este processo, o açúcar em pasta era colocado nas formas para ser purificado.

Para partilhar os resultados e a importância das descobertas, o projeto organiza hoje uma sessão aberta ao público e uma tertúlia sobre "A Lourinhã nas rotas da colonização atlântica" no Forte de Paimogo.

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