Mário Centeno destaca a importância da imigração para o futuro económico de Portugal
O governador do Banco de Portugal alertou que o país não pode prosperar sem imigrantes, associando a mobilidade laboral ao crescimento económico recente em conferência.

Na quarta-feira, durante a celebração do 46.º aniversário do Instituto Politécnico de Coimbra, Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), alertou que o futuro de Portugal está intrinsecamente ligado à mobilidade laboral e à imigração. Este discurso ocorre num momento em que o Parlamento está a debater novas legislações sobre imigração.
Centeno destacou que o "fenómeno de mobilidade de trabalho e de pessoas" é vital para o progresso das economias e sociedades europeias. Sem essa dinâmica, "Portugal não terá futuro", afirmou. O governador sublinhou ainda que cerca de dois terços do crescimento económico do país nos últimos cinco anos está ligado a esta mobilidade, adscrevendo que "sem ela, o crescimento económico teria sido drasticamente reduzido".
Ao abordar o mercado de trabalho, Centeno revelou que, nos últimos dez anos, os salários em Portugal quase duplicaram. Ele notou: "Fizemos em dez anos o que antes tínhamos logrado em 900 anos". Este aumento salarial reflete não só o crescimento do salário mínimo, mas também uma elevação nas qualificações profissionais da população. As atividades mais dinâmicas, segundo Centeno, são aquelas que transcendem o turismo, englobando setores científicos e industriais que oferecem salários acima da média.
Além disso, o governador lembrou que entre 2008 e 2014, durante a crise financeira, o investimento na construção de habitação em Portugal teve uma queda de 83%, refletindo um desafio significativo que o país enfrenta. "Apesar das dificuldades, é um bom desafio", concluiu, reiterando o seu compromisso com a evolução económica do país.