Morador da Lousã liberta veados para escapar às chamas
Um habitante da Serra da Lousã soltou seis veados para protegê-los do incêndio em curso. Essa ação foi uma tentativa de salvar os animais que têm sob a sua guarda.

Valter Martins, um dos poucos moradores das aldeias de Silveira de Cima e Baixo, localizadas na encosta da Serra da Lousã, tomou a medida drástica de libertar seis veados que habitualmente cuida, como forma de os proteger do incêndio florestal que deflagrou na área.
"Tenho veados que, por diversas razões, acabam por perder os pais e eu procuro dar-lhes abrigo. Ora, hoje fiz tudo ao meu alcance para que fugissem do fogo. Até cheguei a usar pedras para os encorajar a ir para a zona das eólicas," contou Valter à agência Lusa.
Um dos veados, pelo que parece, tinha uma afinidade especial com o homem: "Um deles, que é mais pequeno, decidiu não me deixar e anda comigo na carrinha. É uma verdadeira aventura," partilhou, divertido.
Além dos veados, Valter também transportou os seus porcos para um curral na localidade vizinha de Serpins, bem como alguns cães, preocupando-se com a segurança de todos os animais sob os seus cuidados.
O casal Martins reside na região desde 2012, no que descrevem como um abrigo improvisado, feito de uma estrutura de camião, enquanto aguardam a conclusão das obras da sua casa principal. Com o incêndio a aproximar-se, Valter teve que retirar diversos objetos da habitação, levando tudo para a casa de um amigo na Lousã para evitar que fosse consumido pelas chamas. "Só o que consegui tirar foram as móveis em madeira," acrescentou.
Por volta das 21:45, 315 operacionais, apoiados por 90 viaturas, estavam no terreno a combater as chamas. De acordo com Helena Correia, presidente da junta de freguesia da Lousã e Vilarinho, cerca de 50 pessoas foram evacuadas de oito aldeias e acolhidas no quartel dos bombeiros, com algumas a passarem a noite numa escola.
Além das localidades de Candal e Cerdeira, onde o incêndio teve início, também foram evacuadas as aldeias de Silveiras, Talasnal, Casal Novo, Chiqueiro, Catarredor e Vaqueirinho.
O presidente da câmara da Lousã, Luís Antunes, descreveu a situação como complexa, referindo que existem duas frentes de incêndio a ser combatidas, com uma delas próxima de Cerdeira e a outra numa vertente mais sul.