O declínio da China no setor têxtil e a ascensão de novos mercados
A participação da China nas exportações globais de vestuário caiu para 41%, sinalizando uma mudança nas dinâmicas de produção, com países do sul e sudeste asiático a destacarem-se.

A China está a enfrentar um recuo na sua posição como líder mundial na indústria do vestuário, com países do sul e sudeste asiático a emergirem como novos concorrentes de peso, conforme indicado por um relatório da Coface.
De acordo com a análise, a quota chinesa nas exportações de vestuário a nível global diminuiu de 54% em 2010 para 41% em 2023. Este declínio reflete a fragilidade do modelo produtivo da China, que se baseia na produção massiva para o mercado ocidental. A Coface destaca que a escalada dos custos de mão-de-obra, novas exigências em termos de normas ambientais e uma crescente pressão regulatória estão a impactar negativamente este paradigma.
Além disso, o contexto político internacional, nomeadamente o protecionismo promovido pelos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump, impulsiona a diversificação das cadeias de abastecimento, contribuindo para a ascensão de nações como o Bangladeche, Camboja, Paquistão e Vietname. Estes países apresentam custos laborais mais baixos e setores têxteis já consolidados, além de uma melhoria nas suas capacidades logísticas.
Em contrapartida, países europeus como a Albânia e a Geórgia também podem beneficiar com as novas tarifas diferenciadas. Apesar destes desafios, a China mantém-se relevante na fase intermédia da cadeia de valor, com cerca de 63% das exportações globais de produtos têxteis semiacabados.
A Coface alerta que as transformações na indústria do vestuário terão consequências significativas na geopolítica comercial, na sustentabilidade da produção e nos preços finais para os consumidores. O futuro reserva vantagens para os países que consigam equilibrar custos baixos com elevados padrões de responsabilidade social e ambiental, face a um setor que se torna cada vez mais exigente.