Oposição critica proposta de "cidade humanitária" no sul de Gaza

O líder da oposição em Israel, Yair Lapid, não poupou críticas à proposta do Governo de Benjamin Netanyahu de estabelecer uma "cidade humanitária" nas ruínas de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Durante uma reunião do seu partido Yesh Atid no Knesset, Lapid descreveu a iniciativa como uma "ideia absurda".

O plano do governo prevê a construção de um acampamento que concentraria a população da Gaza, com Lapid questionando a lógica e as condições de vida nesse novo espaço: "Os residentes terão liberdade de movimento? Se não, como será garantido esse controle? Haverá cercas físicas ou elétricas? E quantos soldados estarão encarregados de assegurar essa proteção?", questionou o líder da oposição.

Lapid continuou a levantar preocupações fundamentais: "E se crianças tentarem sair? Quem irá alimentá-las e fornecer água e eletricidade? Como serão tratados surtos de doenças e epidemias?", indagou, colocando em dúvida a capacidade do governo de garantir um mínimo de dignidade e condições de vida aos habitantes do acampamento.

Israel Katz, ministro da Defesa, anunciou na semana passada que o exército está a desenvolver este projeto, que visa acolher dois milhões de habitantes da Gaza, com uma fase inicial para cerca de 600.000 palestinianos provenientes de zonas como Mawasi, depois de terem sido forçados a abandonar suas casas nas últimas operações militares.

Os palestinianos que chegarem a este novo acampamento teriam de passar por um posto de controlo de segurança, e uma vez dentro, não poderiam sair, conforme indicações do próprio Katz.

Lapid sublinhou ainda que a implementação de um projeto deste tipo teria custos avultados, que poderiam ascender a milhares de milhões de shekels. Organizações internacionais, incluindo a ONU, acusam o governo israelita de orquestrar a construção de um "campo de concentração" em Gaza.