População angolana manifesta-se contra aumento do preço dos combustíveis
Em Luanda, centenas de cidadãos uniram-se em marcha pacífica exigindo que o Governo desista do aumento do preço do combustível, que prejudica os seus sonhos e a vida quotidiana.

Hoje, Luanda foi palco de uma marcha pacífica em que centenas de angolanos expressaram o seu descontentamento em relação ao aumento do preço dos combustíveis. O evento teve início às 13h30, no cemitério de Santa Ana, onde os manifestantes se concentraram para protestar contra as medidas governamentais que, segundo afirmaram, "adiam os sonhos" dos cidadãos.
Com a presença de deputados da UNITA, maior partido da oposição, e representantes da sociedade civil, a marcha avançou por cerca de três quilómetros sob a vigilância das forças da polícia. Durante o percurso, os manifestantes pararam em frente ao comando provincial da Polícia Nacional para exigir a libertação do ativista Osvaldo Caholo, detido por alegações de crime de rebelião e instigação pública.
Os cartazes exibidos pelos participantes transmitiam mensagens impactantes, como: "Os Pratos estão Vazios, a Coragem está Cheia" e "Gasóleo Sobe, Nós Caímos". Dumilde Malongui, uma estudante presente na manifestação, referiu que a subida do preço do combustível "adianta os sonhos dos angolanos", uma vez que a medida afeta a vida quotidiana e repercute no aumento geral de preços.
Além da questão dos combustíveis, os manifestantes expressaram a sua preocupação com o aumento das tarifas de transporte e das propinas escolares, o que gera um grande desafio financeiro para as famílias. Malongui apelou ao Governo para "ter bom senso" e reconsiderar as suas decisões.
Outro jovem, Bruno da Foto, também se juntou à manifestação, considerando os preços do combustível "absurdos", especialmente num país rico em recursos como o petróleo. Ele destacou a disparidade entre os preços em Angola e aqueles em países com um nível de vida superior.
Os organizadores do protesto, como Dago Nível, enfatizaram a conexão direta entre o aumento do preço do combustível e o encarecimento do transporte, agravando ainda mais a situação de vida da população. Eles afirmaram que a situação actual representa um afunilamento das condições básicas de vida, levando ao aumento do descontentamento popular.
Esta foi a terceira manifestação consecutiva em Luanda e em várias províncias angolanas, refletindo a indignação e frustração da população face às políticas governamentais.
O manifesto final, lido durante a marcha, ressaltou que o povo angolano está saturado e não pode suportar mais encargos financeiros, afirmando que os recentes aumentos são encarados como "uma declaração de óbito" para a já difícil realidade social.