Mundo

Violência no Quénia resulta em mortes e detidos durante protestos marcados por tensão

Protestos em várias cidades do Quénia culminam em dez mortos, 29 feridos e 37 detidos, numa jornada de conflitos que relembra o dia 'Saba Saba' e destaca descontentamentos sociais.

07/07/2025 18:35
Violência no Quénia resulta em mortes e detidos durante protestos marcados por tensão

Um clima de agitação toma conta do Quénia, onde protestos em diferentes cidades, incluindo a capital Nairobi, resultaram na morte de pelo menos dez pessoas, 29 ficaram feridas e 37 foram detidas, conforme revelado pela Comissão Nacional dos Direitos do Homem do Quénia (KNCHR).

Até às 18h30 de hoje, a Comissão conseguiu documentar as dez fatalidades, 29 feridos, dois casos de sequestro e 37 detenções em 17 dos 47 condados do país. A KNCHR, um organismo autónomo criado por lei, apontou também a presença de grandes barricadas policiais que dificultaram severamente a circulação, especialmente em Nairobi e em outras cidades como Kiambu e Meru.

Hoje, celebra-se o 'Saba Saba,' um dia que homenageia a histórica manifestação de 1990, que exigiu a implementação de um sistema político multipartidário e o fim da autocracia de Daniel Moi. Contudo, as celebrações foram marcadas por um forte dispositivo policial, refletindo a crescente tensão entre o Governo e os cidadãos.

A violência nas últimas manifestações em Nairobi é preocupante, com relatos de brutalidade policial, mortes e saques. Este ano, as mobilizações coincidiram com protestos contra a estagnação económica, corrupção e abusos por parte da polícia. A administração do presidente William Ruto, eleito em 2022 com promessas de proteção aos mais desfavorecidos, tem enfrentado críticas severas de organizações de direitos humanos e da oposição.

As manifestações de 25 de junho, que culminaram em 19 mortes e 500 detenções, visavam homenagear as vítimas de um movimento cidadão que surgiu em 2024, oposto a um plano de aumento de impostos. Os confrontos desse dia resultaram em saques massivos em estabelecimentos comerciais no centro de Nairobi.

Os cidadãos acusam o Governo de financiar grupos armados para desacreditar os movimentos sociais, enquanto as autoridades qualificaram os protestos como uma "tentativa de golpe" de Estado. A imagem do Quénia, com uma população de cerca de 55 milhões, foi gravemente afetada pela violência policial, que tem desincentivado a participação popular, especialmente entre mulheres, devido a relatos alarmantes de abusos sexuais durante os protestos.

Recentemente, um grupo armado atacou a sede da Comissão Queniana dos Direitos Humanos, onde esta realizava uma conferência de imprensa clamando pelo fim da brutalidade policial.

#QuéniaEmProtesto #JustiçaEProtesto #DireitosHumanosQuénia