Amnistia Internacional responsabiliza Israel por crime de guerra em ataque à prisão de Evin
A Amnistia Internacional exige investigação sobre os ataques israelitas à prisão de Evin, alegando que representam um crime de guerra com numerosas vítimas civis.

A Amnistia Internacional anunciou hoje que Israel cometeu um crime de guerra, em decorrência dos "ataques aéreos deliberados" à prisão de Evin, situada em Teerão, no passado dia 23 de junho. A organização solicitou uma investigação criminal sobre este incidente.
No seu comunicado, a Amnistia detalha que uma investigação meticulosa foi realizada, considerando imagens de vídeo verificadas, imagens de satélite e depoimentos de testemunhas, familiares de prisioneiros e defensores dos direitos humanos.
Os indícios obtidos indicam que as forças armadas israelitas atacaram a prisão de Evin em múltiplas ocasiões, resultando na morte e ferimento de dezenas de civis, além de causarem danos significativos em pelo menos seis áreas do complexo prisional.
A organização sublinha que o ataque ocorreu durante um dia útil, ao mesmo tempo em que a prisão estava repleta de civis, dado que o ataque teve lugar durante as horas de visita. A Amnistia ainda observa que algumas autoridades israelitas aparentaram vangloriar-se sobre as operações nas redes sociais.
Conforme reportado pelas autoridades iranianas, o ataque resultou na morte de pelo menos 80 civis, incluindo 79 adultos e uma criança de cinco anos.
A Amnistia Internacional discorda da legitimidade do alvo, afirmando que Israel não apresentou evidências concretas que demonstrem que a prisão de Evin era um alvo militar válido. De acordo com o Direito Internacional Humanitário, todas as prisões são consideradas alvos civis.
Erika Guevara Rosas, diretora sénior de Investigação da organização, afirmou: "A realização de tais ataques de forma consciente e deliberada representa um crime de guerra".
Além disso, a Amnistia enviou questões ao ministro da Defesa israelita em 3 de julho, mas não obteve resposta até à data presente.
Em relação à prisão de Evin, a Amnistia revela que, no momento do ataque, havia entre 1.500 a 2.000 prisioneiros, incluindo defensores dos direitos humanos, manifestantes, dissidentes políticos e cidadãos com dupla nacionalidade.
A Amnistia apela às autoridades judiciais globalmente para que responsabilizem todos os envolvidos neste ataque, invocando o princípio de jurisdição universal. A organização também sugere que as autoridades iranianas permitam que o Tribunal Penal Internacional exerça jurisdição sobre crimes cometidos a partir do seu território, conforme estipulado no Estatuto de Roma.
A ofensiva israelita contra o Irão começou em 13 de junho, com a alegação de que o desenvolvimento do programa nuclear iraniano e a produção de mísseis balísticos colocavam em risco a segurança de Israel. Essa ofensiva visou principalmente infraestruturas estratégicas, resultando na eliminação de diversos comandantes e cientistas envolvidos no programa nuclear.
A escalada do conflito atingiu uma nova fase com a intervenção dos Estados Unidos, que bombardearam as principais centrais nucleares do Irão. Dados recentes indicam que pelo menos 1.100 pessoas perderam a vida no Irão, enquanto 29 óbitos foram reportados em Israel, segundo fontes oficiais.