Venâncio Mondlane enfrenta acusações gravosas na sequência das manifestações eleitorais
O político Venâncio Mondlane foi formalmente acusado de cinco crimes pelo Ministério Público moçambicano, entre os quais desobediência e terrorismo, após as conturbadas manifestações pós-eleitorais.

Venâncio Mondlane, ex-candidato à presidência, foi acusado de cinco crimes pelo Ministério Público de Moçambique, incluindo incitamento à desobediência coletiva e terrorismo, conforme anunciou ao sair da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O momento foi marcado por um elevado dispositivo de segurança, com a PGR em Maputo interditada ao trânsito e a presença de agentes armados. Mondlane descreveu o processo como uma tentativa de silenciamento e disse que enfrentará o julgamento “com uma equipa internacional de advogados” e “consciência tranquila”.
“Sinto que prestei um grande serviço à nação. Pela primeira vez, durante 30 anos de democracia, conseguimos expor a verdade sobre a fraude eleitoral, desmascarando um regime que se sustenta na violência”, afirmou Mondlane, referindo-se à sua recusa em aceitar os resultados das eleições de 9 de outubro, que proclamaram Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, como presidente.
O político destacou ainda que, pela primeira vez desde a independência, o povo moçambicano se uniu em protesto, sentindo um forte sentido de identidade nacional, algo que considera um contributo significativo para a sua pátria.
A PGR chamou Mondlane para a terceira vez no âmbito dos protestos pós-eleitorais, mantendo o Termo de Identidade e Residência como medida cautelar. Desde as eleições, o país tem vivido um período de agitação social, com manifestações e paralisações organizadas por Mondlane, que contesta os resultados eleitorais.
De acordo com organizações não-governamentais, os confrontos com a polícia resultaram em cerca de 400 mortes, além de danos significativos ao património público e privado. A violência e os tumultos foram finalmente mitigados após duas reuniões entre Mondlane e Chapo em março e maio, com o objetivo de restaurar a paz em Moçambique.