Aumenta o descontentamento com os transportes: infestação de baratas preocupa passageiros
Queixas sobre a higiene nos transportes públicos em Portugal disparam, com 1.172 reclamações registadas em seis meses. Uma situação alarmante que pede atenção urgente.

Os utilizadores de transportes públicos em Portugal têm vindo a manifestar um crescente descontentamento relativamente às condições de higiene nos autocarros e comboios. Entre 1 de janeiro e 20 de julho de 2025, o Portal da Queixa recebeu um total de 1.172 reclamações relacionadas com o setor, abrangendo as categorias de “Transportes Coletivos de Passageiros” e “Comboio e Metropolitano”.
Dentre as queixas apresentadas, 27,4% referem-se a problemas de funcionamento dos transportes, enquanto 23% têm origem na falta de higiene, resultado em cerca de 270 queixas apenas por este motivo. Passageiros relatam a acumulação de lixo e odores desagradáveis, mas o mais alarmante são os relatos de baratas nos veículos públicos.
Ana Apolinário, por exemplo, contou a sua experiência num autocarro da Carris Metropolitana onde, segundo descreve, as baratas subiam pelas pernas dos passageiros durante um trajeto em maio na zona de Sete Rios. “Foram avistadas baratas no chão do veículo que, inclusivamente, subiam pelas pernas dos passageiros”, lamentou. “As baratas eram pequenas, com cerca de 1 a 1,5 cm, e por serem várias, sugere-se a existência de uma colónia.”
Outro relato, de André Soares, menciona situações semelhantes nos autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), onde a presença de baratas é reportada com frequência. André critica ainda a atitude condescendente de alguns motoristas face ao desconforto dos passageiros, que reagem com nojo e susto.
Quantitativamente, a Carris Metropolitana lidera as queixas, acumulando 19,97% do total, seguida pela CARRIS (com 18,52%) e pela CP - Comboios de Portugal (com 16,98%). Outras entidades como a UNIR no Porto e a Fertagus também registaram queixas, mas em menor escala.
A grande maioria das reclamações provém das regiões da Lisboa, Porto e Setúbal, que apresentam uma elevada densidade populacional. A demografia dos reclamantes revela que 56,51% são mulheres, e a maior parte tem entre 25 e 54 anos.
O número de queixas disparou em comparação com o ano anterior, especialmente nos meses de abril, maio e junho, com um aumento de 27,21% geral. No mês de junho, houve um crescimento ainda mais acentuado, com um aumento de 57,81% nas queixas.
Os principais problemas continuam a ser a má qualidade do serviço, seguidos pela falta de higiene e, em terceiro lugar, por atrasos e interrupções. A falta de segurança e falhas técnicas também figuram entre as reclamações. Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa, alerta que “quase um em cada quatro reclamações no setor referem problemas de insalubridade, incluindo a presença de baratas,” destacando a urgência em que as entidades devem tratar a questão da higiene nos transportes públicos.