Controvérsia no Parlamento: Citação de Nomes de Crianças Polícia por André Ventura
Alexandra Leitão critica André Ventura por usar nomes de alunos menores em debate, acusando-o de desumanização e promover o ódio.

A socialista Alexandra Leitão manifestou-se, no último sábado, através das redes sociais contra o partido Chega, após André Ventura ter mencionado no Parlamento, durante a discussão sobre alterações às legislações da nacionalidade e imigração, os nomes de alunos menores de idade. Esses nomes pertencem a uma lista de uma escola localizada no centro de Lisboa e foram amplamente divulgados em grupos de extrema-direita e neonazistas nas plataformas sociais.
A candidata do PS à Câmara de Lisboa juntou-se a um crescente número de críticas dirigidas ao Chega, afirmando que este incidente ultrapassou “os limites do que é aceitável numa democracia”. Ela ainda sublinhou que “é urgente inverter esta rampa deslizante” em que a sociedade se encontra.
“O que ocorreu na Assembleia da República não poderia ter acontecido. O Chega recorreu a nomes de crianças num debate político, transgredindo os princípios democráticos”, declarou Alexandra Leitão numa publicação na rede social X (anteriormente conhecida como Twitter).
“Utilizar menores como instrumento para fomentar o discurso de ódio é vergonhoso, desumano e perigoso. Quero expressar a minha solidariedade às famílias das crianças que tiveram os seus nomes expostos. Temos de inverter este cenário antes que seja demasiado tarde”, acrescentou.
Durante a citação dos nomes por Ventura, vários deputados das bancadas de Esquerda tentaram interromper o seu discurso, sem sucesso, já que não foi a presidência que interveio. A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, chegou mesmo a emocionar-se, pedindo mais “humanidade”.
No domingo, Ventura voltou a comentar a situação na rede X, afirmando: “Uma parte do país ficou incomodada com a menção de nomes islâmicos e indianos nas escolas portuguesas, e chamam a isso instrumentalização política. Curiosamente, nunca vi essa mesma preocupação em relação ao uso de crianças e jovens na propaganda LGBT ou nos panfletos do Bloco e do PCP”.
Ainda sobre a discussão legislativa, vale a pena mencionar que as propostas do Governo para a revisão dos diplomas de nacionalidade e imigração foram baixadas à fase de especialidade sem terem sido votadas em geral. A proposta governamental pretende aumentar o tempo de permanência em Portugal necessário para a cidadania, assim como a possibilidade de perder a nacionalidade adquirida em casos de crimes graves.
Simultaneamente, o Chega apresentou um projeto de lei que visa restringir a nacionalidade para aqueles que atentem contra a soberania do país. Nas áreas relacionadas com a imigração, o Governo propõe limitar o visto para procura de trabalho a atividades altamente qualificadas e ajustar as condições de autorização de residência.