Irão mantém portas abertas para diálogo nuclear com EUA, mas sem prazo definido
O Irão revelou a possibilidade de negociações com os Estados Unidos sobre o seu programa nuclear, mas ainda não há agendamento para o encontro, segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Hoje, o Irão expressou a sua disposição para dialogar com os Estados Unidos sobre o programa nuclear, embora ainda não exista uma data, hora ou local concretos para tal reunião. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Esmail Baghai, fez esta declaração em resposta a perguntas de jornalistas sobre um possível encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, e o negociador norte-americano, Steve Witkoff.
Desde abril, os dois países realizaram cinco rondas de negociações com a mediação de Omã. Contudo, os diálogos foram interrompidos após o ataque de Israel ao programa nuclear iraniano a 13 de junho, o que levou a uma guerra de 12 dias.
De acordo com Baghai, o encontro agendado para 15 de junho foi cancelado devido à guerra. "Levamos o processo negocial a sério e agimos de boa-fé, mas, como todos viram, o regime sionista [Israel], em colaboração com os Estados Unidos, atacou militarmente o Irão antes da sexta ronda de negociações", afirmou.
O porta-voz também criticou os EUA, alegando que cometem uma "flagrante violação do direito internacional durante um processo diplomático". A escalada de tensões culminou a 22 de junho, quando os Estados Unidos bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordó, além das instalações nucleares em Isfahan e Natanz, causando danos que ainda não foram quantificados.
Durante este conflito, Israel levou a cabo centenas de ataques a instalações nucleares e militares no Irão, resultando na morte de cientistas envolvidos no programa nuclear. Por sua vez, o Irão retaliou com ataques de mísseis e drones dirigidos a Israel. Tanto Telavive como as nações ocidentais persistem nas suas suspeitas de que o Irão tem a intenção de desenvolver uma bomba atómica.
Teerão, que nega essas alegações, defende que seu programa nuclear visa apenas finalidades civis, especialmente na área da energia. A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) destaca que o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a níveis elevados, que atingem os 60%, bem acima do limite de 3,67% estipulado pelo acordo de 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, durante a presidência de Donald Trump.
Para que o Irão construa uma bomba atómica, segundo a AIEA, o combustível precisa ser enriquecido a 90%.