Líder do PS critica fusão da FCT sem consultas às partes interessadas

Durante uma conferência de imprensa em Ansião, José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, expressou a sua preocupação relativamente à decisão do Governo de avançar com a fusão da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) com a Agência Nacional de Inovação (ANI), criando assim a nova Agência de Investigação e Inovação. Para Carneiro, a falta de diálogo prévio com as instituições de ensino superior e com os investigadores torna esta decisão "incompreensível".

Carneiro sublinhou que "não se podem implementar reformas de forma vertical e impondo-as, sem consultar os agentes envolvidos na vida coletiva", referindo-se à importância de ouvir as vozes das partes interessadas no setor da ciência e investigação.

O líder socialista salientou, ainda, que embora reconheça a necessidade de uma reforma no Estado, esta deve ser conduzida em diálogo e colaboração com os trabalhadores e dirigentes da administração pública, e não contra eles. O descontentamento nas comunidades académicas e científicas é palpável, conforme evidenciado pela incredulidade manifestada por representantes do setor face a uma reforma abrupta e sem consulta.

Em contraposição, o Governo justifica esta fusão como uma forma de eliminar redundâncias e aumentar a eficiência operacional e administrativa, prometendo melhorias nas plataformas de financiamento e recursos humanos.

Por sua vez, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou a sua disposição de intervir caso surjam dúvidas sobre a extinção da FCT, ponderando a possibilidade de vetar a decisão se necessário.

O cenário gerado por esta reestruturação não foi bem recebido por vários líderes do setor, incluindo o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, que criticou a falta de informação, e a presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica, que considerou a decisão "má política".