Porsche reavalia seu modelo de negócios face a desafios económicos
A fabricante alemã Porsche está a planear cortes de custos em parceria com representantes dos trabalhadores, reconhecendo a necessidade de adaptar sua abordagem estratégica.

A Porsche, fabricante de automóveis de luxo com sede em Estugarda, está a preparar-se para implementar cortes nos custos, fruto de um ambiente económico adverso e da pressão nas vendas, especialmente na China. Em uma carta dirigida à liderança da empresa, o CEO Oliver Blume afirmou que "o nosso modelo de negócios, que nos serviu bem durante várias décadas, já não funciona na sua forma atual".
Com o objetivo de garantir a sustentabilidade a longo prazo da organização, Blume mencionou que, na segunda metade de 2025, haverá negociações para um segundo pacote estrutural com os representantes dos funcionários, embora detalhes concretos ainda não tenham sido divulgados.
Ainda em 2023, a Porsche já havia anunciado cortes significativos, incluindo a eliminação de 1.900 postos de trabalho na Alemanha até 2029. As dificuldades do fabricante são visíveis, com um desempenho insatisfatório no mercado chinês e as altas tarifas impostas pelos EUA, onde a Porsche não possui produção. Blume destacou que o impacto sobre a empresa está a ser mais severo do que para outros clientes da indústria.
Na Europa, os números também não são animadores. De acordo com a ACEA - Associação de Construtores Automóveis Europeus, nos primeiros cinco meses do ano, as vendas da Porsche na União Europeia caíram 22,3%, totalizando 30.833 veículos. Quando se incluem os países EFTA e o Reino Unido, a descida foi um pouco mais branda, com uma redução de 17,2%, resultando em 41.567 unidades vendidas.
No primeiro trimestre deste ano, a Porsche reportou um retorno operacional sobre vendas de 8,6%, com a expectativa de que este incremento atinja entre 15 e 17%. As receitas de vendas totalizaram 8,86 mil milhões de euros, comparativamente a 9,01 mil milhões de euros do ano anterior. Contudo, o lucro operacional caiu para 0,76 mil milhões de euros, uma descida significativa em relação aos 1,28 mil milhões de euros registados em 2024.