Predomínio masculino entre incendiários, mas aumento de mulheres detidas
A Polícia Judiciária revela que a maioria dos incendiários são homens com baixa literacia e problemas de consumo, mas o número de mulheres detidas tem vindo a crescer.

Avelino Lima, que lidera o Grupo de Acompanhamento Permanente e Apoio para os Fogos Florestais da Polícia Judiciária (PJ), partilhou recentemente dados reveladores sobre o perfil dos incendiários. Segundo o responsável, a maioria dos indivíduos detidos neste contexto é do sexo masculino, embora tenha sido notado um aumento significativo no número de mulheres detidas no último ano, representando cerca de 20% dos casos.
Estes indivíduos apresentam, em geral, "baixa literacia" e têm problemas relacionados com o consumo de substâncias, especialmente álcool. "Estamos a falar, de forma geral, de pessoas que não dispõem de formação adequada", explicou Lima durante uma entrevista à CNN Portugal.
Desde 2015, a PJ tem analisado cerca de 700 casos de autores de incêndios, permitindo assim um conhecimento mais profundo sobre o comportamento destes indivíduos. Em relação às motivações que levam à prática deste crime, Avelino Lima referiu a dificuldade em identificar causas claras. Alguns incendiários não conseguem explicar porque agiram da forma que o fizeram, enquanto outros parecem ser estimulados pela intensidade dos combates ao fogo.
Além disso, o responsável indicou que não existem evidências que sustentem a teoria de crimes organizados por trás destes incêndios. Embora existam indivíduos com maior habilidade para a prática deste crime, não existem dados que confirmem a ligação a redes criminosas estruturadas nesta área.
Este ano, os incêndios florestais já devastaram quase 42 mil hectares de floresta, um número alarmante que representa um aumento de oito vezes em comparação com o mesmo período de 2024. Dados do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) revelam que, desde o início do ano, ocorreram 5.211 incêndios, resultando em 41.644 hectares ardidos. A região Norte é a mais afetada, contabilizando 72% da área que ardeu, especialmente nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Porto.
Em comparação com o ano passado, o número de incêndios quase dobrou e a área ardida aumentou significativamente. Até 05 de agosto de 2024, por exemplo, tinham ardido apenas 4.671 hectares. Apesar de a maioria das ocorrências ainda estar a ser investigada, os dados indicam que 19% dos incêndios foram causados por atividade humana, sendo que 14% são atribuídos a práticas de incêndio criminoso.