Projeto de Preservação do Património Subaquático do Rio Arade Arranca em Breve
O projeto "Musa" para a valorização dos achados subaquáticos no Algarve inicia este ano, com um financiamento de 3,4 milhões de euros, promovendo a investigação e sensibilização sobre o património arqueológico.

Em dezembro, dará início o projeto de investigação e valorização intitulado "Musa - Musealização dos Achados Arqueológicos do fundo do Rio Arade", com um investimento de 3,4 milhões de euros. Esta iniciativa, aprovada recentemente pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, será desenvolvida no âmbito do Programa Regional Algarve2030, com previsão de conclusão até final de 2027.
O Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) assume um papel fundamental neste projeto, encarregando-se de fornecer o suporte científico e técnico necessário para as atividades que decorrerão nos concelhos de Portimão, Lagoa e Silves.
Segundo o diretor da CNANS, José Bettencourt, este projeto tem como objetivo "assegurar que as descobertas sejam devidamente interpretadas, conservadas e apresentadas ao público". Desde a década de 70, foram retirados do leito do Arade cerca de 3.000 artefactos, que abrangem desde a idade do ferro até o século XX. Esse espólio inclui contentores cerâmicos antigos, objetos do cotidiano de marinheiros e partes de embarcações, revelando a relevância histórica do Rio Arade como uma importante rota comercial e cultural.
O projeto "Musa" abrange dois componentes principais: a investigação dos vestígios ainda presentes no fundo do rio e a valorização dos achados já descobertos. De acordo com Bettencourt, a singularidade do património subaquático do Arade é inegável, uma vez que reflete uma imensidão de narrativas históricas ligadas ao mar e ao comércio marítimo.
As atividades do projeto serão iniciadas no último trimestre do ano, começando com inspeções geofísicas para depois proceder à análise dos artefactos recuperados e a escavações sistemáticas em áreas de elevado potencial arqueológico.
Bettencourt destacou ainda a importância do projeto no sentido de prevenir que obras portuárias interfiram no património cultural subaquático, evitando erros do passado.
Além da investigação, o "Musa" inclui a criação de espaços museológicos, tanto físicos como virtuais, e uma reserva subaquática acessível ao público, permitindo que todos conheçam parte do valioso património arqueológico submerso.
Promovido pelos municípios de Portimão e Lagoa, e apoiado pela CCDR/Algarve, o projeto contará com um modelo de gestão sustentada, alicerçada em parcerias estratégicas e fontes de financiamento diversificadas.