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Residentes de Macau clamam por maior clareza nas eleições

Cidadãos, incluindo um guia turístico e um reformado, expressam descontentamento pela exclusão de candidatos às eleições, exigindo mais transparência no processo eleitoral.

há 9 horas
Residentes de Macau clamam por maior clareza nas eleições

Um guia turístico de 25 anos, Elory Kuong, expressou a sua indignação sobre a recente exclusão de 12 candidatos à Assembleia Legislativa de Macau. Para ele, a desqualificação sem explicações é uma clara "desqualificação sem justificação".

A Comissão de Defesa da Segurança do Estado (CDSE) tomou a decisão na semana passada, excluindo candidatos de duas listas por considerá-los "não defensores da Lei Básica" ou "não fiéis" à Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China.

"A tudo isto falta transparência", afirmou Kuong, ao reconhecer a sua incerteza em relação aos representantes disponíveis para votar.

Por sua vez, Elexa Kam, de 30 anos e atualmente desempregada, admitiu que vai votar "por dever" embora ainda não tenha escolhido um candidato. Ela partilhou as suas preocupações sobre a falta de clareza no motivo da desqualificação, afirmando que o governo deveria proporcionar mais informações aos cidadãos.

O presidente da comissão eleitoral, Seng Ioi Man, assegurou que os pareceres da CDSE possuem uma base legal, mas não revelou os detalhes que fundamentaram a exclusão, alegando que os documentos da CDSE são confidenciais.

Enquanto isso, Wong Yat Hung, um reformado de 69 anos, expressou o seu descontentamento ao questionar a lógica de desqualificar tantos candidatos: "O sistema deveria ser mais justo".

Entre os desqualificados, encontram-se seis candidatos da lista Força da Livelihood Popular em Macau e os restantes da lista Poder da Sinergia, representada pelo atual deputado Ron Lam U Tou, crítico do governo. Segundo um estudante de 18 anos, de apelido Pun, a Assembleia Legislativa perdeu o seu caráter pluralista com estas remoções.

Pun também manifestou a sua frustração com o sistema eleitoral, referindo que, independentemente das ações dos candidatos, se o governo decidir a exclusão, ela é definitiva. Apesar disso, mostrou-se de acordo com a nova lei eleitoral e com as decisões da CDSE.

Após a desqualificação, o governo mostrou apoio à CDSE, descrevendo a decisão como "correcta" para a aplicação do princípio de que "Macau deve ser governado por patriotas".

Joe Chan Chon Meng, um dos candidatos excluídos, alegou que a única razão que consegue identificar para a exclusão é a sua crítica às autoridades. Este é o segundo episódio em que candidatos são desqualificados na corrida pela AL, após a desqualificação de listas e candidatos pró-democracia em 2021, resultando numa diminuição significativa de concorrentes nas eleições deste ano.

Atualmente, a Assembleia Legislativa é composta por 33 deputados, com apenas 14 eleitos por sufrágio direto, enquanto a nova lei eleitoral, já em vigor, impõe penas a quem incitar os eleitores a abster-se de votar.

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