Vice-presidente dos taxistas angolanos preso por incitação à violência
Rodrigo Catimba, vice da ANATA, foi detido em Benguela sob acusações de incitação à violência e terrorismo, após protestos que resultaram em mortos e feridos no país.

Rodrigo Luciano Catimba, vice-presidente da Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), foi preso na quinta-feira em Benguela, suspeito de incitar a violência, fazer apologia do crime, e promover rebelião e terrorismo, conforme notificado pelas autoridades angolanas.
A detenção foi realizada pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) após um mandado emitido pelo Ministério Público. O SIC alegou ter encontrados "fortes indícios" que ligam Catimba a atos de incitação à violência, particularmente derivados de declarações feitas publicamente que foram amplamente partilhadas nas redes sociais, incitando a população a agir de forma vandalica.
Catimba tinha estado em fuga antes de ser localizado na província de Benguela. Uma vez cumpridas as formalidades legais, será encaminhado ao Ministério Público para os procedimentos adicionais necessários.
As autoridades reiteraram seu compromisso em combater energicamente qualquer forma de incitação à violência e apelaram para uma utilização responsável das redes sociais, a fim de evitar a propagação de mensagens nocivas.
A detenção do vice-presidente dos taxistas aconteceu na sequência de três dias de tumultos e protestos em várias províncias de Angola, impulsionados por uma paralisação dos serviços de táxi convocada pela ANATA.
De acordo com a Polícia Nacional, os protestos deixaram um saldo trágico de 30 mortos, 277 feridos e mais de 1.500 detenções em regiões como Luanda, Benguela, e Huíla.
Francisco Paciente, presidente da ANATA, distanciou-se da greve, afirmando que esta havia sido cancelada e que a paralisação foi conduzida por "indivíduos estranhos". Em suas palavras, "a ANATA não organizou a greve", referindo que a desinformação contribuiu para a confusão entre os taxistas.
Paciente ainda condenou os atos de vandalismo e as fatalidades ocorridas, questionando a legalidade da detenção de Catimba: "Essa detenção é ilegal, pois não houve qualquer mandado contra o nosso vice-presidente. Esperamos que se façam interrogatórios e que os advogados possam entender os motivos por trás dessa detenção".
Familiares de Catimba alegaram que este foi preso de forma coerciva por indivíduos associados ao SIC, sem apresentação de mandado.
O Presidente João Lourenço já expressou a sua condenação aos atos de vandalismo, afirmando que "quem quer que tenha orquestrado estas ações criminosas saiu derrotado", bem como transmitiu condolências às famílias das vítimas.