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Cimeira China-UE inicia-se em Pequim sob nuvens de desconfiança

A cimeira que marca cinco décadas de relações diplomáticas entre China e UE é marcada por tensões, com expectativas baixas de progresso em temas críticos como comércio e segurança.

há 10 horas
Cimeira China-UE inicia-se em Pequim sob nuvens de desconfiança

A cimeira que celebra 50 anos de relações diplomáticas entre a China e a União Europeia (UE) começa esta semana em Pequim, numa atmosfera de crescente desconfiança e divisões significativas em áreas críticas, como o comércio e a segurança. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vão liderar a delegação europeia, num encontro que, segundo analistas do grupo de reflexão Bruegel, é mais um "evento simbólico" do que uma cimeira produtiva.

Os líderes chineses Xi Jinping e Li Qiang estarão presentes, mas espera-se que pouco avance em meio à relutância generalizada em abordar as questões em aberto. Entre os tópicos mais discutidos, destaca-se o desequilíbrio comercial, com a UE registando um défice que ultrapassa os 300 mil milhões de euros, além do acesso a matérias-primas essenciais e a crescente tensão sobre práticas comerciais desleais, principalmente no setor dos veículos elétricos.

A Comissão Europeia respondeu recentemente com tarifas que variam entre 17% e 45,3% sobre automóveis elétricos provenientes da China, enquanto marcas como a BYD continuam a conquistar espaço na Europa, com planos de instalação de fábricas no continente.

A questão das exportações de minerais essenciais pela China também persiste como um foco de tensão, com Ursula von der Leyen a criticar Pequim por utilizar o controlo das cadeias de abastecimento como meio de coerção política.

No campo da segurança, a aliança crescente entre China e Rússia levanta preocupações em Bruxelas, especialmente após declarações de von der Leyen sobre o apoio incondicional da China à Rússia, que estaria a alimentar a máquina de guerra russa.

Segundo a imprensa de Hong Kong, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, alertou os europeus sobre as potenciais consequências de um colapso russo, sugerindo que os Estados Unidos poderiam redigir a sua estratégia para o Indo-Pacífico em resposta.

A revista Politico sublinha que não se esperam resultados concretos da cimeira e sugere que o encontro poderá servir apenas para reiterar as diferenças existenciais entre os dois blocos. Diplomatas europeus acusam a China de tentar fragmentar a UE, beneficiando-se de relações bilaterais com países líderes como Alemanha e França.

Apesar de alguns avanços nas conversações e da suspensão parcial de sanções, a falta de alterações abrangentes nas políticas económica e externa da China impede qualquer avanço significativo nas negociações. A revista The Diplomat também destaca o simbolismo do 50.º aniversário das relações, que contrasta com os desafios atuais, prevendo que a cimeira apenas reafirmará as diferenças culturais e interesses que separam ambos os lados.

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